Tatiana Ribeiro é especialista pela Sociedade Nacional de Fisioterapia Esportiva e da Atividade Física
Fisioterapeuta mineira nos Jogos Olímpicos de Paris (Arquivo Pessoal /Tatiana Ribeiro)
Os atletas olímpicos têm à disposição profissionais que são a base e o apoio para as conquistas, em qualquer modalidade. O Comitê Olímpico Brasileiro (COB) convocou para os Jogos Olímpicos um time de preparadores físicos, médicos, fisioterapeutas –entre eles uma mineira de Belo Horizonte com um currículo invejável no atendimento esportivo.
Tatiana Ribeiro é fisioterapeuta esportiva e especialista pela Sonafe, a Sociedade Nacional de Fisioterapia Esportiva e da Atividade Física. A profissional, formada e pós-graduada pela UFMG, trabalha no Minas Tênis Clube e na Seleção Brasileira de Natação, com participação em mundiais, campeonatos europeus e sul-americanos.
Tatiana atuou como fisioterapeuta do Comitê Olímpico do Brasil nos Jogos Pan-Americanos de 2023 e voltou a exercer a função durante os Jogos Olímpicos deste ano. Ela bateu um papo como Hoje em Dia e falou um pouco da rotina no atendimento a atletas que estão em Paris e a expectativa para a semana final da competição.
Como se sente por poder representar Minas Gerais em uma edição dos Jogos Olímpicos? O que isso representa para você?
Eu me sinto muito honrada, não só de levar a bandeira do Brasil para um evento mundial do peso e da magnitude que tem os Jogos Olímpicos, mas assim como representar e ser a primeira mulher da área da saúde mineira a estar com o Comitê Olímpico do Brasil.
Acredito que é algo que representa muito não só para mim, mas para toda a área da fisioterapia esportiva. Vejo como um incentivo, uma motivação e uma inspiração para mais mulheres, mais profissionais da área de Minas Gerais a buscarem e lutarem por seus sonhos.
Quais os principais desafios que você já enfrentou em sua trajetória?
Eu acredito que todos, dessa área de alto rendimento, enfrentam muitos desafios, fora de quadra, dentro de quadra. Estar inserida no alto rendimento, ser uma mulher fisioterapeuta inserida no alto rendimento, é algo de uma magnitude imensa, pois a gente sabe que é um meio muito difícil, então ter a oportunidade de representar é muito grande.
Foi uma trajetória árdua, uma trajetória longa, né, eu, como disse anteriormente, eu fiz o ciclo de Tóquio, quatro anos, muitas abdicações, muitas viagens, muitas ausências familiares, de amigos para viver esse sonho, infelizmente não consegui concretizar com os Jogos Olímpicos de Tóquio.
Mantive, ativa, esperançosa ao longo de mais um ciclo de 4 anos e agora estou conseguindo concretizá-lo. Eu acho que o desafio é poder entregar em eventos grandes, em eventos de muitos dias, a mesma qualidade e eficiência do trabalho desde o primeiro dia até o último dia. Os ciclos são competições muito extensas, onde a gente precisa estar se renovando diariamente para entregar o melhor para os atletas, do início ao fim.
Os Jogos Olímpicos de Paris estão marcados pela diversidade, com uma maior participação das mulheres. Do lado da equipe física dos atletas, como é essa representatividade? Como você vê essa evolução?
Eu acho que esses jogos estão aí para carimbar e desmistificar muitas questões. Ser mulher, participar dos primeiros Jogos Olímpicos como fisioterapeuta esportiva, em uma edição em que nós temos uma forte presença feminina, é de grande representatividade, é histórico e estou muito feliz de fazer parte dessa história. Se você fizer um retrospecto de alguns anos atrás, mal se via uma mulher na escola, trabalhando com o esporte, e isso a gente vê uma evolução gigante, com as mulheres se fazendo presentes em todos os eventos esportivos de grande magnitude. É uma evolução muito importante e muito significativa para nós mulheres.
Quais as suas expectativas para a última semana dos Jogos? Tanto do lado profissional quanto com relação ao Time Brasil. Como deve ser sua rotina lá?
Minhas expectativas são as melhores possíveis, estou muito animada. Falo que a gente trabalha 4 anos, ou, no meu caso 8 anos, para esse momento, então é um momento que vamos com tudo, para entregar o melhor aos atletas. O Time Brasil é uma equipe maravilhosa, tudo muito alinhado, muito ajustado. A preocupação é impressionante, com cada detalhe, para que os atletas cheguem com o melhor cenário possível, com as mínimas adversidades, para que eles realmente sintam-se em casa.
Em competições desse tamanho, o trabalho é incessante, árduo, começa muito cedo e termina muito tarde, todos os dias. A ideia é fazer um rodízio, no qual a gente acompanha algumas modalidades para dar o maior suporte possível aos atletas, e também atendemos na Vila Olímpica, onde tem todo um departamento de saúde integrado com médicos, fisioterapeutas, nutricionistas, psicólogos, equipe de bioquímica à disposição do atleta, para que ele consiga performar e fazer o melhor durante os Jogos.
A Sonafe - Sociedade Nacional de Fisioterapia Esportiva e da Atividade Física - conta com vários representantes em Paris. Como você avalia a atuação da entidade no fortalecimento dos fisioterapeutas esportivos?
Acredito muito na entidade. Ela é extremamente importante para fortalecer ainda mais a nós, fisioterapeutas esportivos, enaltecer nossa profissão e nos respaldar a todo momento. Sou sócia desde 2018 e vejo um crescimento da entidade anualmente. Sei que podemos crescer ainda mais, mas é um processo gradativo.
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