Os atrasos do Brasil na preparação da Copa do Mundo voltarão a ser abordados pela Fifa a partir desta quinta-feira (20), em Zurique, na reunião do Comitê Executivo da entidade. E a tendência é de cobrança forte, não só em relação aos estádios que ainda não estão prontos - Itaquerão, Arena da Baixada e Arena Pantanal -, mas também pelos problemas que ainda ocorrem no entorno de vários deles. Alguns continuam verdadeiros canteiros de obras.
Esse deverá ser um dos temas da exposição do secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke. Ele e o uruguaio Eugenio Figueredo, presidente da Conmebol e também da Comissão Organizadora da Copa, falarão com base em relatórios sobre a preparação recebidos nos últimos dias.
O Itaquerão, local da abertura do Mundial em 12 de junho com o jogo entre Brasil e Croácia, terá atenção especial. Valcke já informou que, para a Fifa, a data de conclusão do estádio será 15 de maio - o prazo de 15 de abril foi descartado por ele há 20 dias - e a preocupação maior é com a instalação dos sistemas de tecnologia.
As operadoras de telefonia já alertaram para o risco de problemas no uso de celular e da internet em 12 de junho, pois a demanda será grande e elas não terão o tempo que julgam necessário (120 dias) para instalar e testar os equipamentos.
Sobre as estruturas temporárias, desde 20 de janeiro Valcke tem a garantia de Andrés Sanchez que o Corinthians pagaria por elas. O responsável pelas obras do Itaquerão vinha negando, mas no sábado admitiu enfim que o clube assumirá essa despesa. Está em busca de parceiros e vai alugar parte do material, como os telões do estádio.
As situações dos estádios de Curitiba e Cuiabá também serão discutidas pelo Comitê Executivo, bem como o entorno dos estádios. As maiores críticas devem recair sobre o Beira-Rio, pois Valcke está bastante irritado com o fato de praticamente nada ter sido feito.
Paralelamente à reunião em Zurique, a Fifa e o COL iniciam nesta quinta pela manhã a última rodada de inspeções técnicas nos estádios da Copa do Mundo - apenas naqueles não utilizados na Copa das Confederações. A primeira vistoria será no Itaquerão.
Catar em debate
Sede da Copa de 2022, o Catar também será tema do encontro do Comitê Executivo, principalmente por causa da situação dos operários que trabalham nas obras dos estádios. O presidente da Fifa, Joseph Blatter, vai apresentar um relatório sobre os problemas encontrados no país árabe.
De acordo com estudo realizado pela Confederação Sindical Internacional (CSI), já ocorreram 1,2 mil mortes de trabalhadores no Catar desde o início da preparação para a Copa. Os mortos seriam imigrantes da Índia e do Nepal.
As organizações humanitárias denunciam que os imigrantes são tratados de forma desumanas no Catar, como se fossem escravos. São obrigados a encarar longas jornadas diárias de trabalho, sem nenhuma proteção em relação à segurança.
O estresse decorrente dessas condições insalubres e também a dificuldade em se adaptar ao trabalho nas altas temperaturas que caracterizam o clima do país estaria por trás da maior parte das mortes, ocorridas por "ataques cardíacos, acidentes de trabalho e condições miseráveis de vida", de acordo com o estudo da CSI.
As denúncias de corrupção envolvendo a escolha do Catar para receber a Copa não serão abordadas pela Fifa. Os dirigentes da entidade consideram o tema superado.
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