Filho de ex-goleiro do Atlético, Uilson já superou a ciência e tenta vencer a desconfiança

Frederico Ribeiro
fmachado@hojeemdia.com.br
01/04/2016 às 19:07.
Atualizado em 16/11/2021 às 02:44
 (Arquivo Pessoal)

(Arquivo Pessoal)

Dona Ângela Pedruzzi não acreditou quando descobriu que estava grávida do quarto filho. Sete anos haviam se passado desde a cirurgia de laqueadura. A “rapa do tacho” da família de quatro irmãos ganhou o nome do pai, Uilson, e desafiou a ciência ao se encaixar nos 0,01% de probabilidades de uma mulher engravidar após a ligadura de trompas uterinas.

Diante do Villa Nova, a partir das 16h deste sábado (2), no Mineirão, o dono da meta atleticana terá de ultrapassar outra barreira – a desconfiança da torcida – para fazer valer o voto do técnico Diego Aguirre. E, num futuro próximo, alcançar o que o pai apenas sonhou na década de 1970: ter sucesso no clube alvinegro.

Prestes a completar 60 anos, Uilson Oliveira fez a mesma trajetória do filho caçula há mais de 30 anos. Deixou Mucuri, no Extremo Sul da Bahia, perto da tripla divisa entre Minas Gerais, Bahia e Espírito Santo, para tentar a sorte no futebol. Também goleiro, com fama local, foi parar no Vitória-ES. Lá, conhecido como “Wilson Mucuri”, venceu o Estadual capixaba em 1976, aos 19 anos.

De férias na cidade natal, conheceu Sílvio Gonçalves Davi, então integrante do quadro de árbitros da Federação Mineira de Futebol. A amizade rendeu a chance de treinar no Atlético, com um time recheado de craques, como João Leite, Marcelo Oliveira, Toninho Cerezo e Reinaldo. Mas ficou menos de um semestre na Vila Olímpica.

“Eu cheguei ao Atlético velho para passar pelos times de base. Para dar certo, o jogador tem que chegar aí novo, como o Uilson foi, com 11 anos. Eu fiquei quatro meses sem ter contrato nem nada. Eu era o único que treinava em particular. Os goleiros eram João Leite, Luis Eduardo e Sérgio Luis (Sergio Biônico). Eu ficava como o quarto goleiro, só treinando, em um período de experiência. O Atlético não chegou a me dispensar. Eu preferi voltar para Vitória, onde minha noiva morava”, conta o ex-atleta ao Hoje em Dia.

Ele enfrentou dificuldades, viu que não teria chances no Galo, arrumou as malas depois de somente quatro meses no clube mineiro e deixou poucas lembranças nos companheiros da época. Recorda com carinho, no entanto, as caronas que recebia de Cerezo após ajudá-lo a treinar faltas após o expediente.

“Fiquei morando no Parque Riachuelo, perto do bairro Cachoeirinha. Pegava carona todo dia com o Toninho Cerezo depois de treinar cobranças de falta com ele”, relata.Bruno Cantini/Divulgação

CONFIANÇA – Após falha na derrota por 1 a 0 no clássico contra o Cruzeiro, jovem goleiro de 21 anos seguirá no time diante do Villa, no Mineiro, e do Independiente Del Valle, na Libertadores

 Visita na maré baixa
Após se casar com Ângela, Uilson Oliveira abriu um pequeno comércio em Mucuri. Atualmente, ele trabalha na pesca de camarão. O Governo da Bahia, entretanto, suspende a atividade por 45 dias na época de reprodução do crustáceo.

O período de “defeso do camarão” veio em boa hora. Enquanto receber os dois salários mínimos pagos pelo Estado, o ex-jogador passará as férias forçadas ao lado do filho caçula. “Vou para BH ficar um pouco com ele e a minha esposa, para matar a saudade”, conta o pescador.

A chegada à capital mineira será na terça-feira, véspera da estreia do jovem goleiro atleticano na Copa Libertadores, contra o Independiente Del Valle, fora de casa. Até maio, o ex-atleta torcerá para ter outras oportunidades de ver o filho em ação, ao vivo, no estádio Independência.

 FICHA TÉCNICA:
VILLA NOVA: Thiago Leal; Tiago Baiano, Thiagão, Rafael Morisco e Marcelo Tchê; Luis Felipe, Marielson e Mancini; Fábio Júnior, Soares e Thiago Silvy TÉCNICO: Wilson Gottardo
ATLÉTICO: Uilson; Marcos Rocha, Leonardo Silva, Tiago e Douglas Santos; Leandro Donizete, Júnior Urso e Rafael Carioca; Robinho, Clayton e Lucas Pratto TÉCNICO: Diego Aguirre
HORÁRIO E LOCAL 16h, no Mineirão
ARBITRAGEM: Igor Junio Benevenuto (Asp. Fifa), auxiliado por Celso Luiz da Silva e Sidmar dos Santos Meurer
TRANSMISSÃO: Premiere

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