Grande parte de um jogo de futebol é jogado com a cabeça. Não estamos falando de bola área. E sim do lado psicológico, emocional. O Flamengo fez a típica partida de uma equipe sem confiança, ameaçada, inconstante. Abriu 2 a 0, nesta quinta-feira, no Maracanã, sobre o Atlético Paranaense, com ótimo desempenho nos minutos iniciais. Resultado final: 4 a 2 para os visitantes, em duelo pela 22.ª rodada. Como se chegou até lá é o retrato dos flamenguistas no Campeonato Brasileiro de 2013.
A zona de rebaixamento está logo ali para o clube rubro-negro carioca, que soma 26 pontos e está a apenas dois do rival Vasco, time que tem a desonra de estar na região da degola. O time rubro-negro de Curitiba, que obteve a sua primeira vitória na história sobre o adversário no Maracanã, soma 38 pontos, está firme no G4 e tenta se manter vivo na luta pelo título. No domingo recebe a Ponte Preta, em Curitiba.
"Não adianta jogar só 20 minutos. Temos que jogar 90. Fizemos um bom primeiro tempo, mas no segundo não conseguimos marcá-los, eles nos pressionaram e viraram", comentou o volante Elias. "Vamos lamentar e pensar no próximo jogo, que é uma decisão", disse, em referência à partida contra o Náutico, no domingo, no Recife.
Mais do que números, os momentos diversos vividos por cariocas e paranaenses foi o fator determinante para o placar final. O Flamengo iniciou a partida em um ritmo alucinante e deu indícios de que aplicaria uma goleada histórica no adversário. Com oito minutos, o time de Mano Menezes fez dois gols. Com 20, havia criado outras quatro chances claras de ampliar, com direito a cabeçada na trave de Cáceres. Com 21, sofreu um gol de Fran Mérida - que estreava no Atlético - e o jogo mudou completamente.
A partir do gol sofrido, apesar de ainda possuir a vantagem, os flamenguistas pararam de jogar. Chutões a esmo, bolas rifadas e uma retranca ferrenha para segurar uma vitória que era absolutamente necessária.
O medo de deixar escapar os três pontos se agravou no segundo tempo. Os cariocas não trocavam três passes entre si e deixavam os paranaenses trabalharem a bola com tranquilidade, sem precipitação. Mesmo quando esteve com dois gols contra, o Atlético não se apavorou. Um time consciente de sua força e qualidade. Tratou de botar a bola no chão e gradativamente chegou a uma virada previsível para quem acompanhava o duelo das arquibancadas.
Everton fez grande jogada, deixou dois adversários no chão e serviu Dellatorre, para empatar aos nove minutos. Aos 33, em um erro grosseiro de três jogadores, Roger passou a Marcelo, que teve toda a calma para fazer o terceiro. Com os anfitriões completamente desestruturados tática e emocionalmente, o quarto gol surgiu em um escanteio em que a defesa mal postada permitiu o quarto gol de Roger, aos 37.
Sob vaias e protestos, o Flamengo deixou o campo com a cabeça baixa característica das equipes frágeis sujeitas a implosões como a desta quinta.
FICHA TÉCNICA
FLAMENGO 2 x 4 ATLÉTICO-PR
FLAMENGO - Paulo Victor; Luiz Antônio, Wallace, González e João Paulo; Cáceres, Elias, Carlos Eduardo (Adryan) e Rafinha (Nixon); Paulinho e Hernane (Marcelo Moreno). Técnico: Mano Menezes.
ATLÉTICO-PR - Weverton; Leo, Manoel, Luiz Alberto e Maranhão; Bruno Silva (Dellatorre), João Paulo, Evérton e Fran Mérida (Deivid); Marcelo e Ederson (Roger). Técnico: Vagner Mancini.
GOLS - Hernane, aos 2, Luiz Antônio, aos 8, e Fran Mérida, aos 21 minutos do primeiro tempo; Dellatorre, aos 9, Marcelo, aos 33, e Roger, aos 37 minutos do segundo tempo.
CARTÕES AMARELOS - Elias, Carlos Eduardo, Cáceres e Wallace (Flamengo); Marcelo, Everton, Leo, Manoel e João Paulo (Atlético-PR).
ÁRBITRO - André Luiz de Freitas Castro (GO).
RENDA E PÚBLICO - Não disponíveis.
LOCAL - Estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro (RJ).