(EMMANUEL DUNAND / AFP)
Por trás do gol do colombiano Yerry Mina contra Senegal no confronto decisivo para o grupo H ontem, revelam-se algumas questões bem mais amplas em relação à história das Copas do Mundo– e em como o torneio na Rússia teima em repeti-las.
A classificação colombiana expõe um fato que não é novo: mais uma vez sul-americanos realizam boa campanha na fase de grupos e vão tentar peitar os europeus no difícil desafio de ser campeão em seus domínios.
Assim como no Brasil em 2014, apenas um time abaixo do Equador ficou de fora das oitavas: o Peru (no torneio anterior, os equatorianos ficaram para trás). Resta assim, a quatro dos cinco representantes –Uruguai, Argentina, Brasil, Colômbia– seguirem a saga de quebrar uma escrita histórica: de 10 copas disputadas no continente europeu, apenas uma foi vencida por um “estrangeiro”. O feito coube à mítica seleção brasileira de 1958, quando Pelé e companhia trouxeram da Suécia a primeira taça para o país.
Assim, há 60 anos esta marca não é quebrada e o retrospecto recente apenas reafirma isso: as competições disputadas em 1998, na França e em 2006 na Alemanha, foram vencidas pelos donos da casa, na primeira, e pelos italianos, na segunda. Se tiramos a carta “território” da mesa, a hegemonia européia aumenta: desde 2002, apenas um representante sul americano (o Brasil) quebrou a corrente de vencedores do hemisfério norte.
Assim, a próxima fase se descortina com um desafio histórico. Com exceção de um representante oriental, o Japão, formou-se uma série de confrontos envolvendo 10 europeus (número que se iguala ao recordes de 1998 e 2006).
Já a desclassificação de Senegal no jogo de ontem revela que esta Copa trouxe o pior aproveitamento de seleções africanas em décadas. Desde a Copa de 1982, na Espanha o torneio não contava com um representante do continente nas oitavas de final.
Aos senegaleses se unem nesta precoce volta pra casa a Nigéria, Tunísia, Marrocos e Egito– esta levando na bagagem aquele que foi apontado como uma das possíveis estrelas do torneio na Rússia: Mohamed Salah. Seus dois gols na Copa não foram suficientes para impedir a desclassificação egípcia, antes mesmo do terceiro jogo.