A quinta-feira começou de uma forma turbulenta para a política brasileira e “respingos” da operação Lava-Jato recaíram sobre o Cruzeiro, com a prisão de pessoas ligadas ao clube ou denúncias de que outras estariam envolvidas em atos ilícitos. Na entrevista coletiva de apresentação do atacante Rafael Marques, o presidente Gilvan de Pinho Tavares lamentou esse fato, mas ressaltou que nenhum dos acusados faz parte do quadro de funcionários da agremiação, sendo apenas conselheiros celestes.
“Pessoas de alguma forma são ligadas ao Cruzeiro, não estão no exercício de função, felizmente. Não conheço efetivamente o processo, não posso falar bem ou mal do que não conheço”, esquivou-se.
Um dos citados em delações da empresa JBS é o senador Zezé Perrella, ex-presidente do Cruzeiro e que já havia manifestado interesse em concorrer ao pleito eleitoral do clube no fim deste ano. Perrella é acusado de receber dinheiro do grupo JBS, valores destinados ao também senador Aécio Neves. A denúncia foi publicada no jornal "O Globo", pelo colunista Lauro Jardim.
Segundo a denúncia publicada pelo diário carioca, o presidente da JBS, Joesley Batista, repassou ao Ministério Público gravação com flagrante de Aécio Neves pedindo R$ 2 milhões para pagar sua defesa na Lava-Jato.
Mais cruzeirenses envolvidos
Os outros conselheiros cruzeirenses envolvidos na delação são Gustavo Perrella, filho do ex-mandatário da Raposa e atual secretário nacional de Futebol e Defesa dos Direitos do Torcedor; Mendherson Souza Lima, assessor parlamenter do Senador da República, preso nesta quinta-feira; Frederico Pacheco Medeiros, outro que foi preso nesta quinta-feir, primo de Aécio Neves, que também foi citado nas delações. Além dos demai citados, Euller Nogueira Mendes aparece na delação. Todos, exceto Zezé Perrella, conselheiros natos do clube.
Zezé Perrella, que por ter sido presidente do Cruzeiro, ocupa a lista de conselheiros beneméritos da Raposa.
Apesar de não querer entrar muito no assunto, Gilvan de Pinho Tavares, ex-procurador do Estado e advogado, ressaltou sua integridade e lisura, e desejou que os cruzeirenses envolvidos possam provar, caso possível, à inocência.
“Vou acompahar de perto e estou torcendo para que ele (Zezé Perrella) se saia bem, para que os conselheiros do clube saiam bem, pois gosto de preservar o nome do Cruzeiro. O nome do Cruzeiro não foi citado, nenhum (dos delatados) está em exercício de cargo no Cruzeiro. Gostaria que eles limpassem os nomes deles e continuem a vida normalmente”, disse.
Eleições e embate com ex-presidente
Vivendo período pré-eleitoral, já que as eleições do Cruzeiro devem acontecer em outubro próximo, Gilvan de Pinho Tavares disse que chegou a receber críticas pesadas por parte de pessoas ligadas a Zezé Perella e do próprio Senador. Principalmente sobre as contas do clube, aprovadas pelos conselheiros no último mês e criticadas pelo déficit de quase R$ 30 milhões.
“Nunca ninguém viu entre meus amigos e companheiros, eu falar um vírgula sobre comportamento dele (Zezé Perella), adminsitração dele no Cruzeiro. Não sei se partiu dele alguma coisa desrespeitosa do nome do atual mandatário, sobre orçamentos do Cruzeiro. Orçamento que apresentei para o plenário do conselho deliberativo, orçamento que tinha superávit . Disse em nome do conselho deliberativo inverdades sobre a condição financeira do Cruzeiro. Eu não sou assim, minha religião não permite falar mal ou sentir ódio de ninguém. Espero que não tenha nada conta ele, espero que consiga provar. Espero que ninguém do Cruzeiro tenha manchas, comentou.
Mostrando o seu lado cristão, Gilvan disse que torce para que os acusados consigam provar ser inocentes. E que se nada estiver errado, espera abraçar Zezé Perrella. “Torço para que ele se dê bem, para no final disso tudo abraça-lo se nada tiver errado”, finalizou.