O Godoy Cruz será mais um time argentino no caminho do Atlético na Copa Libertadores. O time do interior do país, nunca figurou entre os mais tradicionais do futebol na terra de Maradona. Aos 95 anos, o título que mais orgulha os "Tombas" é de ser o grande de Mendoza, região ao oeste da Argentina, próximo ao Chile.
A equipe rival de Gimnasia y Esgrima (Mendoza), Independiente Rivadavia e Atlético San Martín quer um feito inédito para 2017: chegar até as oitavas de final da Libertadores. Para tanto, terá de enfrentar, além do Galo, os bolivianos do Sport Boys e o Libertad. Após um semestre empolgante, com a terceira melhor campanha do Campeonato Argentino, os "mendocinos" precisam se recuperar, rearmar o time que perdeu o seu comandante.
COMO CHEGOU NA LIBERTADORES
O Godoy Cruz retornou à Libertadores, após duas participações seguidas e solitárias nos anos de 2011 e 2012. No Campeonato Argentino 2016 (o primeiro do ano, há outra edição em curso), a equipe de Mendoza terminou na terceira colocação geral da tabela. Os dois primeiros colocados (Lanús e San Lorenzo) fizeram a final, com o Lanús campeão. Já o Godoy enfrentou o quarto colocado Estudiantes e perdeu para os "pincharratas", ganhando a classificação ao torneio continental como "quarto lugar no Campeonato", ficando no Pote 3.
DESEMPENHO EM 2016
O time argentino fechou sua participação em 2016 na semana passada. Foram 34 jogos no total, com um desempenho regular. Venceu metade dos jogos (17), empatou cinco e perdeu 12, com um aproveitamento de 54,9%.
Longe de casa, foram 15 jogos, 5 vitórias, 3 empates e 7 derrotas, com 45,40% de rendimento. Nos domínios, a força é maior: 19 partidas, com 12 triunfos, 2 igualdades e 5 tropeços (66,6%). Contra os outros argentinos que irão disputar a Libertadores (Lanús, Estudiantes, River Plate, San Lorenzo e Atlético de Tucumán), o Godoy, em sete jogos totais contra esses rivais, só venceu o River e o Estudiantes, perdendo as outras cinco partidas.
Os "Tombas" tiveram um primeiro semestre de glória. A modesta equipe do interior da Argentina disputou ponto a ponto com o San Lorenzo a chance de liderar o Grupo 1 do Campeonato Argentino e ir para a final do torneio contra o vencedor do Grupo 2 (que acabou sendo o Lanús, futuro campeão). Por apenas um ponto de diferença, o time do Papa Francisco foi para a decisão.
O Godoy teve que se contentar com a classificação para a Libertadores, um grande prêmio de consolação. Retornaria ao torneio e poderia fazer um segundo semestre de menos pressão por resultados. Acabou sendo eliminado na Copa da Argentina para o próprio San Lorenzo.
O sucesso na primeira etapa do ano não se repetiu no segundo semestre. Em 20º no Campeonato Argentino 2016-2017 (são 30 times, é uma bagunça), o Godoy venceu apenas quatro das últimas 14 vezes que entrou em campo.
COMANDO DA EQUIPE
De fevereiro até dezembro, quando o Godoy Cruz jogou, a equipe teve a batuta do jovem treinador Sebastián "El Galego" Méndez, ex-zagueiro do Vélez, que teve um elogio que lhe valeu a carreira toda: "meu único arrependimento é ter pendurado as chuteiras antes de jogar ao lado do Galego, o melhor defensor que já vi", disse Maradona, em 2010.
Méndez, que havia chegado do Gimnasia de Jujuy, fez história ao devolver o Godoy Cruz à Libertadores. Mas um segundo semestre desgastante o obrigou a pedir o boné e voltar para à capital Buenos Aires.
Ele será substituído por Lucas Bernardi, outro jovem treinador que a Argentina não cansa de produzir. Bernardi, ex-volante de Newell's Old Boys, está na memória do Atlético, afinal, ele era o capitão da equipe que foi eliminada por Ronaldinho Gaúcho e Cia na decisão dos pênaltis das semifinais da Libertadores 2013.
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A ATMOSFERA DO ESTÁDIO
O Godoy Cruz manda os jogos no Estádio Malvinas Argentinas. O palco pertence ao Governo Estadual de Mendoza e tem capacidade pouco superior a 40 mil pessoas. O estádio está localizado, assim com o "El Coloso" do Newell's, em uma grande área verde batizada de Parque General San Martín (libertador da Argentina).
O Estádio foi palco de três jogos da Copa do Mundo de 1978 e recebeu obras de remodelagem para a Copa América 2011. A cidade de Mendoza, quase fronteira com o Chile, fica a mais de mil quilômetros de distância da capital Buenos Aires, no extremo oeste argentino.
Apesar de ser a casa do Godoy Cruz na Libertadores, Malvinas não é propriamente a "casa" dos Tombas. O Godoy tem o Estádio Feliciano Gambarte "La Bodega" (personagem histórico do clube, professor de boxe, que era o principal esporte da agremiação).Reprodução/Google Maps
Estádio Malvinas, onde o Godoy Cruz mandará os jogos, se encontra em um grande parque ecológico
QUAL O HISTÓRICO NA LIBERTADORES?
O Godoy Cruz fez a estreia em Libertadores há cinco anos. Em 2011, caiu num grupo difícil e acabou ficando em último. Foi rival de LDU, Peñarol (seria vice) e o "Rey de Copas" Independiente de Avellaneda. Chegou a derrotar o time argentino como visitante, mas terminou na lanterna.
Já no ano seguinte, os "Tombas" estavam novamente agitando as bandeiras no torneio continental. Mas a sorte continuava tão longe quando Buenos Aires. Num grupo com Universidad de Chile, Atlético Nacional de Medellín e novamente o Peñarol, a classificação ficou pelo caminho. A evolução veio com o terceiro lugar, deixando os uruguaios em último.
JOGADORES EM DESTAQUE
Em um time recheado de jogadores desconhecidos, o que mais chama a atenção são os atacantes Jaime Ayoví, do Equador, e Santiago García, do Uruguai. Aos 28 anos, no clube desde outubro de 2014, Ayoví já é o segundo jogador do Godoy Cruz com mais gols na história dos campeonatos locais, com 28 gols.
Já García, conhecido pelo temperamento forte, fez um excelente primeiro semestre, marcando nove vezes (e sendo expulso duas vezes, com mais cinco amarelos). O jogador uruguaio, porém, pode ser ausência na Libertadores 2017, pois tem proposta para deixar o clube.