(Ramon Bitencourt/VIPCOMM)
O velho chavão do futebol diz que todo time vencedor começa por um bom goleiro. E esse ditado se aplica perfeitamente ao Cruzeiro, que conta lá atrás com a segurança e reflexos de Fábio. Capitão da equipe, com mais de 500 jogos defendendo as cores celestes, o arqueiro se tornou um ícone do clube e um dos responsáveis diretos pela conquista do tri do Brasileiro. Foi dele a missão de dar confiança ao torcedor nos momentos mais complicados de cada partida. E a cumpriu bem.
Fábio teve sua primeira oportunidade de defender o clube celeste em 2000, quando era reserva de André. Do banco, soltou o grito de “é campeão” na Copa do Brasil daquela temporada. Porém, como não teria oportunidades de mostrar seu talento, ele rumou para São Januário logo após a conquista e passou a defender o Vasco da Gama.
Na Colina, ficou até o final de 2004 e apareceu para o país, sendo, inclusive, convocado para a Seleção Brasileira. Seu destino, porém, era mesmo a Toca da Raposa e para cá voltou no início do ano seguinte para ser o dono da meta estrelada, posto que não largou desde então.
Com defesas milagrosas e saídas de gol arrojadas, passou a ganhar o carinho da torcida cruzeirense. Porém, a falta de um título de expressão era uma “pedra no sapato”. Em nove anos, o arqueiro conquistou somente quatro Campeonatos Mineiros e teve de engolir um vice da Libertadores e um do Brasileirão.
A falta de títulos de expressão o incomodava e também deixava a diretoria com uma “pulga atrás da orelha”. No início desta temporada, os dirigentes resolveram agir e montaram uma equipe forte, que tinha como missão deixar esse tabu de lado. Fábio sentiu confiança e em fevereiro já previa que esse time iria “dar liga”. “Que eu me lembre, na minha carreira, eu só participei de um grupo com tanta qualidade. O Vasco de 2000 tinha jogadores de muita qualidade e em todas as posições, tanto titulares quanto reservas”, disse o goleiro.
Aos poucos, a equipe foi se acertando e passando a chamar a atenção do país por praticar um futebol envolvente. Na hora de se defender, o Cruzeiro contava com um “paredão” formado por Bruno Rodrigo e Dedé, que amenizavam o trabalho do arqueiro. Porém, ainda assim, ele era necessário. E quando parecia que não teria mais solução, ele estava ali, para evitar o gol do adversário nos momentos mais difíceis.
Um deles, por sinal, marcou sua participação na campanha estrelada. No duelo contra o Fluminense, disputado em 17 de outubro, o Cruzeiro vinha de seu maior “baque” no Brasileirão, após perder duas partidas seguidas para Atlético e São Paulo. O jogo previa um clima tenso e assim foi. Com a vantagem mínima no marcador, a Raposa caiu de produção na segunda etapa. Quando parecia que o tricolor das Laranjeiras iria empatar, o goleiro salvou de forma milagrosa, em cima da linha, uma cabeçada certeira de Samuel. Os três pontos estavam garantidos.
Esses, somados a tantos outros que contaram diretamente com as mãos salvadoras de Fábio, fizeram com que o técnico Marcelo Oliveira pedisse sua convocação para a Seleção Brasileira. "O Fábio há anos, sem dúvida, está jogando com uma produção muito alta. É um goleiro técnico que treina muito, é muito dedicado e exerce uma liderança muito positiva no grupo. Também faço parte do grupo que clama por uma oportunidade para o Fábio na Seleção", pediu Oliveira.
Ao fazer uma análise da equipe, Marcelo destacou a importância de Fábio para a conquista. “Um time que se propõe a atacar como o Cruzeiro ataca, que faz muitos gols, que melhor finaliza, que é o melhor mandante e o melhor visitante, ele vai sofrer contra-ataques também e ter um bom goleiro nessa hora é primordial", destacou o treinador.
Além da parte técnica, o camisa 1 da Raposa se sobressaiu por sua liderança. Tanto que foi ele o responsável por erguer o caneco do Brasileirão. O título vem em boa hora para coroar o trabalho do goleiro, que deu a volta por cima e agora crava de vez seu nome no coração do torcedor estrelado. Torcedor esse que sabe que onde Fábio pisa não nasce grama, nasce esperança.