Gols, fraturas, canecos e gratidão: campeão brasileiro pelo Atlético, Lôla completa 70 anos

Henrique André
@ohenriqueandre
01/01/2020 às 17:02.
Atualizado em 27/10/2021 às 02:09
 (Arquivo Pessoal)

(Arquivo Pessoal)

Todos os dias antes dormir, Raimundo José Corrêa, o Lôla, recorre aos comprimidos para amenizar as dores no joelho, na coluna e em outras parte dos corpo; tudo herança deixada após oito fraturas sofridas durante quase duas décadas como jogador profissional. Nesta quinta-feira (2), dia em que completa 70 anos, ele verá um filme passar pela cabeça. No roteiro, com certeza estará a história construída com a camisa do Atlético.

Parte importante da engrenagem do time campeão brasileiro em 1971, o ex-meia classifica o clube como sua casa. Aposentado e radicado em Bonfim Paulista, município próximo a Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, ele acompanha a equipe de longe e afirma: "O Galo é o único time do meu coração". 

Nascido em Iguatama, cidade do Centro-Oeste de Minas, Lôla chegou ao Atlético antes de completar os 14 anos. Artilheiro nas categorias de base, ele ganhou destaque também na equipe principal. Nas mãos de Yustrich e Telê Santana, fez o coração do torcedor disparar com os vários tentos anotados. Em 196 jogos com a camisa preta e branca, foram 51 gols marcados; o que ele considera "fantástico".

"Não fomos campeões no Mineirão e nem no Independência. Aquele título de 1971 foi no Maracanã, a cozinha do Botafogo. Se analisar esse caneco, vale muita coisa. O Botafogo tinha uma equipe fortíssima, com atletas na Seleção. O Cruzeiro também tinha, assim como o Santos. Fomos campeões no meio de um monte de jararacas e cobras venenosas", conta ao Hoje em Dia.

"A equipe que nós tínhamos, desde o Renato (goleiro) ao ponta-esquerda, além do nosso banco fortíssimo, nos dava um plantel muito forte. Muitos morreram, mas existem outros vivos. Era um grupo maravilhoso. Quando se fala daquele ano, coisas muito boas me vêm à cabeça", acrescenta.

Portas fechadas

Apesar de tudo o que fez pelo Atlético e de todo o amor que sente pelo clube, Lôla lamenta apenas uma coisa: em duas oportunidades que veio à capital mineira, ele não conseguiu entrar na Cidade do Galo. Barrado pelos seguranças, que não o reconheceram, acabou tendo que dar meia volta, mesmo se identificando. Contudo, ele não os culpa por isso. "Não fiquei chateado. Os meninos seguem ordens e, coitados, não têm culpa de nada", diz.

"Olheiro" do clube no início dos anos 2000, quando Ricardo Drubscky ocupava cargo de diretor, o ex-meia foi o responsável pela chegada do Goleiro Diego Alves, campeão brasileiro e da Libertadores pelo Flamengo, do zagueiro Lima, hoje no América, e do volante Zé Antônio.

"Quando você vai lá no clube, as pessoas te tratam como se estivessem te vendo pela primeira vez. Mas, mesmo assim, tenho orgulho e sou honrado por falar do Atlético como minha casa e minha família. Eu só tenho a agradecer ao Atlético. Não sei nem como explicar o valor que dou a este clube", finaliza.Arquivo Hoje em Dia 

Casado há 46 anos com a esposa Maria Cristina, a quem credita todo alicerce para chegar mais jovem do que nunca aos 70, Lôla atualmente tem como principal fonte de renda o aluguel de alguns imóveis. Pai de três filhos e avô de seis netos, o ex-meia atleticano segue seu caminho, mas, claro, sem se desprender do clube que o projetou para o mundo da bola.

Além do Atlético, ele atuou também por Guarani, América-MÉX, Monterrey-MÉX, Ponte Preta, Sport, Grêmio Maringá e Botafogo-SP. Lôla pendurou as chuteiras aos 34 anos.

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