(Reprodução/Twitter)
O governo etíope negou nesta segunda-feira (22) que fará qualquer retaliação a Feyisa Lilesa, maratonista que cruzou os punhos sobre a cabeça ao cruzar a linha de chegada da prova na Olimpíada. Lilesa terminou em segundo e subiu ao pódio durante a cerimônia de encerramento do Rio-2016.
O próprio maratonista havia antecipado que o gesto político poderia colocar sua vida em risco. Mas, segundo afirmou um porta-voz do governo, Lilesa não apenas ficará livre de sanções, como terá uma recepção de herói.
"Ele não enfrentará qualquer problema por seu posicionamento", comentou o porta-voz do governo, Getachew Red, à emissora Fana Broadcasting Corporate, afiliada ao Estado etíope. "Afinal, ele é um atleta que conquistou uma medalha de prata a seu país."
A emissora estatal da Etiópia sequer reprisou as imagens do maratonista cruzando os braços sobre a cabeça. Alguns torcedores etíopes que assistiam ao vivo e torciam por Lilesa, ao verem o gesto, subitamente se silenciaram.
O corajoso gesto do maratonista buscou chamar atenção à situação política de seu país. Lilesa pertence ao povo de Oromia, que tem feito sucessivas manifestações contra o atual governo etíope - os oromo reclamam que vêm sendo perseguidos sem motivo. Segundo estimativas da organização Human Rights Watch, mais de 400 pessoas já morreram desde o início dos protestos.
Segundo explicou após a prova, Lilesa tem parentes na prisão "e, se eles falarem sobre direitos democráticos, serão assassinados. Eu cruzei minhas mão para apoiar o protesto de Oromo".
O maratonista disse ainda que, se voltasse "para a Etiópia, talvez eles me matem. Se não me matarem, me colocarão na prisão". Lilesa, assim, ainda não decidiu seu futuro. Ele conversaria com amigos e familiares e explicou que estudava se autoexilar em algum outro país.