Guilherme Dias Camilo acredita que o bandeirinha não deve se limitar a marcar impedimentos

Wallace Graciano - Hoje em Dia
08/02/2015 às 08:48.
Atualizado em 18/11/2021 às 05:57
 (Carlos Rhienk/Hoje em Dia)

(Carlos Rhienk/Hoje em Dia)

A voz calma e o aspecto discreto de Guilherme Dias Camilo talvez não traduzam muito bem sua responsabilidade. Ele tem que decidir, em fração de segundos, se um jogador está impedido. Pressão que ele encara como natural. Com uma tranquilidade peculiar e rotina disciplinada de treinos, o árbitro auxiliar – popularmente conhecido por bandeirinha –, se tornou um dos principais nomes do país na função. Tanto que recebeu, no início deste ano, o escudo Fifa, a maior chancela da profissão.    “É com naturalidade que recebo essa informação, porque faço parte desse processo de entra ou não entra há 10 anos. Já estava me preparando para a cobrança e responsabilidade que é ter esse escud0.”   Agora auxiliar Fifa, Guilherme, que é filho do ex-árbitro Osmar Dias Camilo, terá a responsabilidade de dividir seu trabalho cotidiano na Secretaria de Esportes e Saúde de Ibirité com os treinamentos e jogos que a arbitragem que exige. E ele garante estar preparado. “Se eu treinava seis vezes na semana com o escudo CBF, agora tenho que treinar o dobro”, diz.    SEM ERROS    A chancela da Fifa não veio à toa. Na última temporada, Guilherme foi o árbitro assistente com melhor aproveitamento da Série, acertando todos os impedimentos marcados. Para o auxiliar, isso se deve a alguns fatores.    “Primeiro, acredito que a gente ter que ter o dom. Segundo, bagagem na profissão. De arbitragem eu tenho 25 anos. Dentro do campo, 18. Outra questão fundamental são os treinamentos. Desenvolvo meus treinos pegando as dificuldades que se tem na arbitragem. Vejo a origem dos erros e trabalho incessantemente para consertá-los”, explica.   Tamanha taxa de acertos fez com que Guilherme fosse considerado um “amuleto” para os árbitros. Segundo ele, o motivo para tal tratamento é sua postura dentro do gramado. “Fiquei muito surpreso e lisonjeado por essa colocação dos árbitros. Nós procuramos entrar na partida e ficar com zero de erro. E, para isso, o assistente não deve apenas marcar impedimento, escanteio ou tiro de meta. Tem que ser realmente um assistente”, avalia   Paz nos equinos   Nascido e criado em Ibirité, na Grande BH, Guilherme tem na tranquilidade da cidade um reduto para aliviar do estresse cotidiano. “Tenho orgulho de ser nascido e criado em Ibirité. Como cresci no meio rural, faço dele meu grande reduto. Tanto que às vezes é mais fácil me encontrar no sítio do que em casa.”   Um dos motivos que fazem com que o auxiliar prefira seu sítio é a criação de cavalos. O hobby, diz, faz com que ele mantenha sempre o aspecto tranquilo em meio ao ambiente tenso da arbitragem. “É um hobby que não consegui deixar e que me faz muito bem. E o levo para a arbitragem. Quando a cobrança tá grande, vou para o sítio, coloco a bota e vou tratar dos cavalos. É a paz que preciso para deixar um pouco de lado a cobrança. A criação não é pra bem monetário, é por ser apaixonado por eles (animais)mesmo”, confessa.   Concentração musical    Outra “válvula de escape” do auxiliar é a música. “Sou bem eclético. Quando vou à roça, tenho que ouvir de Tião Carreiro e Pardinho para trás. Sertanejo de raiz. Porém, para os jogos, tem que ser mais eletrizante. Escuto de Guns n’ Roses a Racionais. Às vezes um Bob Dylan. Afinal, não quero entrar em campo apagado”, brinca.

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