(Henrique André)
Quem vê o comerciante Luciano Miranda circulando pelas ruas de BH em sua Honda Biz, moto que utiliza para entregar marmitex na região do Bairro Renascença, não imagina que há exatos 10 anos ele acelerou cerca de 2.500 quilômetros, em uma Yamaha, para acompanhar de perto o primeiro clássico entre Atlético x Cruzeiro fora do país.
Convidado por amigos para ir a Montevidéu, cidade em que seria disputado o Torneio de Verão, o atleticano rechaçou a viagem de avião e surpreendeu ao dizer que iria fazer todo o percurso de moto. “Eles não acreditaram. Quando me ligaram, eu já estava passando por São Paulo”, conta ao Hoje em Dia.
Deixando a capital mineira na manhã de quarta-feira, ele chegou ao destino final na sexta à tarde. Na época com 49 anos, o comerciante deixou o restaurante sob responsabilidade da esposa e, apesar da derrota do Galo para a Raposa, por 4 a 2, afirma que faria tudo novamente. O time celeste, inclusive, ficaria com a taça dias depois.
Das lembranças que guarda daquela aventura, Luciano não tira da memória o susto que levou ao ser ultrapassado por uma Ferrari, já em terras uruguaias. “As estradas lá são longas. Eu estava tranquilo, sem ver ninguém no retrovisor. De repente, fui cortado por uma Ferrari. O cara devia estar a uns 300 Km/h. Passou tão rápido que quase me derrubou”, brinca.
Sobre o duelo no Estádio Centenário, principal palco do futebol uruguaio, Luciano diz que não teve o mesmo clima dos outros disputados em BH. “O estádio tinha poucos brasileiros. Pelo que vi, havia mais atleticanos que cruzeirenses. Emocionante mesmo foi o clássico entre Nacional x Peñarol, relembra o motociclista. Naquele dia, Diego Tardelli fazia sua estreia pelo Galo.
“Quando acabou o jogo, peguei a moto e vim embora para casa. Tive que ser socorrido pela minha esposa quando passei por Perdões (211 Km de BH). A moto estragou e não tinha mais condições de circular. Ela pegou nossa Pampa e foi lá me resgatar”, acrescenta.
No restaurante que herdou do pai, Miranda deixa claro o amor que nutre pelo alvinegro. Quadros, fotografias, faixas e objetos tomam conta do estabelecimento Na garagem, duas motos de grande porte mostram que o coração do comerciante, dez anos depois da viagem, continua dividido entre o futebol e a velocidade.
Desafio em 2019?
Questionado se pensa em voltar ao Uruguai, desta vez para o duelo da Pré-Libertadores, contra o Danubio, ele diz que não se planejou e que no momento não tem como deixar o trabalho. Contudo, caso o Galo avance, Luciano promete que pegará estrada e, novamente de moto, romperá fronteiras para acompanhar o time de coração.