IAAF promete tratar "gatos" com mesma seriedade de doping

Gazeta Press
04/02/2013 às 08:41.
Atualizado em 21/11/2021 às 00:40

A Federação Internacional de Atletismo (IAAF, na sigla em inglês) promete reservar aos atletas que competem com idades adulteradas, os populares "gatos", o mesmo tratamento dispensado aos competidores que usam substâncias irregulares para melhorar a performance.

"Esse é um problema que afeta todos os esportes com competições por idade e a IAAF o trata com extrema seriedade. As declarações do presidente Lamine Diack estão bem documentadas e ele deixou muito claro que a entidade lida com esse problema com a mesma seriedade do doping", diz nota enviada pelo Departamento de Comunicação da IAAF à "Gazeta Esportiva.net".

A entidade lembrou que o exame de idade óssea, já usado pela Fifa para tentar determinar a idade real dos jogadores, é questionável. Assim, a IAAF mantém o controle através da documentação e exige de todos os atletas um passaporte válido para participar de suas competições.

"Na grande maioria das vezes, a informação procede. Quando há qualquer irregularidade, os casos são investigados detalhadamente através da Confederação Nacional do atleta. Em alguns deles, a IAAF também já conduziu sua própria investigação por meio das autoridades dos territórios em questão", diz a nota.

Os gatos não são exclusividade da África, mas alguns fatores fazem com que sejam mais frequentes no continente. A distância das localidades dos órgãos de registro, nas nações em que eles existem, os custos envolvidos em obter um documento e a simples falta de costume são as principais causas do surgimento de gatos.O pediatra
Thomaz Bittencourt Couto, médico assistente do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas, já trabalhou em países como Libéria, Somália e Quênia, famosa pelos seus fundistas. Segundo o profissional, a dificuldade para determinar a idade dos pacientes é rotina em algumas nações do continente
africano.

"Muitas vezes, usamos peso e altura para estimar esse dado, mas é um parâmetro com acurácia ruim, especialmente em contextos de desnutrição. É comum encontrar pessoas sem qualquer tipo de documentação, especialmente na região rural e nos países mais pobres. Os dados de natalidade e mortalidade desses países são apenas estimativas", disse Couto.

Em muitos casos, os indivíduos tiram seus primeiros documentos de identidade apenas quando são exigidos a fazê-lo, como por exemplo para participar de uma competição esportiva no exterior, o que causa enganos com a verdadeira data e abre espaço para a falsificação deliberada.

A IAAF classifica o problema como "muito complexo" e relata que, em alguns casos, não existe má-fé, já que há países sem o costume de registrar nascimentos e mortes. Ainda assim, promete retificar resultados caso seja necessário e, se a falsificação for intencional, punir o responsável, nem sempre os próprios competidores. "Às vezes, os atletas nem sabem das adulterações feitas em seus nomes", diz a nota do Departamento de Comunicação.

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