Infectologista vê jogos como seguros e surtos no futebol como processos de fora para dentro

Alexandre Simões
@oalexsimoes
19/11/2020 às 16:08.
Atualizado em 27/10/2021 às 05:05
 (Pedro Souza/Atlético)

(Pedro Souza/Atlético)

O surto de Covid-19 nesta semana se transformou no maior adversário do Atlético num momento importante do clube na Série A do Campeonato Brasileiro, pois a equipe de Jorge Sampaoli tinha a chance de fazer a melhor campanha do turno, o que não pode mais ter, e de disparar na liderança geral. Mas a derrota de 2 a 0 para o Athletico-PR, na última quarta-feira (18), no Mineirão, foi uma barreira a isso, num confronto em que o Galo teve quase uma dezenas de desfalques, a maior por causa do novo coronavírus.Pedro Souza/AtléticoDesde maio, com a volta do futebol, o Atlético fez um trabalho elogiado em relação aos protocolos de segurança exigidos pela pandemia, mas nesta semana os casos de Covid-19 explodiram no clube, provavelmente num processo que veio de fora para dentro da Cidade do Galo

A hipótese principal para o problema enfrentado pelos atleticanos é a contaminação ter acontecido na festa de aniversário do gerente de futebol Gabriel Andreata, que aconteceu na noite de 8 de novembro e madrugada do dia 9.

“Não consigo explicar o que aconteceu no Atlético, pois não tenho acesso ao caso. O que estamos percebendo é que existem os lugares quentes de transmissão. E restaurantes, bares, fazem parte dessa lista. A gente vive tempos difíceis, as pessoas vão a uma confraternização, se soltam mais, acontecem os cumprimentos, o compartilhamento de objetos”, afirma o infectologista Unaí Tupinambás, professor da Escola de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e integrante do Comitê de Enfrentamento à Covid criado pela Prefeitura de Belo Horizonte.

Segundo o infectologista, os surtos que estão sendo registrados em alguns clubes, sendo neste momento Atlético e Palmeiras as maiores vítimas, são frutos de contaminações de fora para dentro do futebol, pois nos treinamentos e jogos, segundo ele, é muito difícil a transmissão.

“Estamos falando de um grupo que é muito testado, o de jogadores de futebol e integrantes das comissões técnicas dos clubes. E treinamentos e jogos acontecem em lugares abertos, arejados. Acontecer a contaminação neste ambiente, é muito difícil”, afirma Tupinambás.

O professor da UFMG revela inclusive que há estudos da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) sobre o assunto: “O ambiente do futebol é de pouco risco. A gente tem comprovado isso com a volta dos jogos. A CBF tem dados, não publicados, de que o número de casos de transmissão em jogos é pequeno”.

Num cenário de pandemia, é difícil cravar onde começa o surto num grupo, como é o caso do Atlético neste momento. Os estudos mostram que no futebol, o provável é que ele venha de fora para dentro.

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