Joaquim Grava compara invasão no Corinthians a rebelião

Vítor Marques
01/02/2014 às 18:51.
Atualizado em 20/11/2021 às 15:44

A invasão das torcidas organizadas ao CT do Corinthians foi um ato comparado a uma rebelião de presídio, segundo o consultor médico do clube Joaquim Grava, que é quem dá nome ao centro de treinamento, construído em 2010 e que custou R$ 55 milhões. Em entrevista ao Estado de S. Paulo, ele contou o que viu na manhã deste sábado.

"Estou no Corinthians desde 1979, nunca tinha visto uma coisa dessas, foi um horror. Isso não é protesto, é violência. O que aconteceu foi igualzinho às cenas de rebelião de presídio. Torcedores com paus, pedras, estilete. Queriam pegar todo mundo."

O início do treino estava marcado paras às 9h30. Segundo Grava, os goleiros já estavam no campo e os demais atletas se preparavam para iniciar a atividade, a última antes do jogo deste domingo, contra a Ponte Preta. Mas um grupo de pelo menos cem torcedores invadiu o CT pelo portão de imprensa. Eles fizeram um buraco no alambrado e entraram no local.

Como todos os sábados, havia viaturas da Polícia Militar fazendo a segurança do CT. Quando percebeu-se que o número de torcedores era grande, foi chamado o reforço. "Era um grupo de mais de cem torcedores, tenho certeza", disse Grava. "Eles queriam bater nos jogadores, diziam que iam o matar o Romarinho, o Emerson Sheik, davam pauladas a esmo. Eu só escapei porque um torcedor me reconheceu e disse, 'para, este é o doutor', passei mal, sofro de arritmia desde criança, fui medicado, agora estou bem."

Durante a invasão, os jogadores ficaram presos dentro de um complexo dentro do próprio CT. Os torcedores, que saquearam funcionários do clube, tentaram invadir o hotel onde os atletas ficam concentrados. Diretores do clube, seguranças e PM tentavam contar a invasão.

Depois houve uma negociação, de cerca de duas horas, entre esses torcedores com os dirigentes. Eles queriam conversar com líderes do elenco, o que foi vetado. Por volta das 13h, coube ao técnico Mano Menezes conversar com os torcedores, que depois foram embora.

Para Grava, não havia clima para que o jogo deste domingo seja realizado. "O Guerrero quase foi pego, ele não quer jogar, nenhum jogador quer", afirma o médico. Jogadores e dirigentes estavam reunidos no CT para definir se haveria ou não jogo contra a Ponte Preta. O duelo, no entanto, já está confirmado.
http://www.estadao.com.br

© Copyright 2024Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por
Distribuido por