“Eu espero que ele escorregue toda hora, não acerte nenhum passe e não jogue nada”. Levir Culpi é capaz de arrancar gargalhadas em declarações que fogem do politicamente correto. Desta vez, a ironia do treinador atleticano, em entrevista ao canal ESPN Brasil, foi direcionada para Ronaldinho Gaúcho. Mas, apesar do tom bem humorado, não é piada dizer que o reencontro com o craque, neste domingo (30), às 16h, colocará frente a frente dois personagens que não se bicavam na Cidade do Galo. O ex-melhor do mundo deixou o clube em julho de 2014, dias depois de conquistar a Recopa Sul-Americana juntamente com o técnico. Entretanto, o comandante foi um catalisador na saída do ídolo. Enquanto R10 era tratado como entidade intocável por torcida, opinião pública e funcionários do CT, Levir não se sentiu desconfortável na hora de colocar o dedo na ferida. Se não rendia em campo, o jogador era cobrado pelo novo chefe. Até que a relação se abalou de vez no primeiro jogo da final contra o Lanús. Sacado no intervalo, Ronaldinho não ficou sequer no banco para ver o substituto Guilherme dar a assistência para Diego Tardelli abrir o placar, deixando o Atlético perto de outro título internacional e inédito. “Tirar o Ronaldinho, para mim, é como tirar qualquer jogador. Fiz uma palestra rápida para eles e falei que o jogador é número. Quantos chutes, passes, gols, assistências... O melhor jogador está dentro da estatística”, havia justificado Levir depois de substituir o meia logo na reestreia como comandante do Galo, diante do Grêmio. Os números de Ronaldinho foram interpretados como os de um atleta em decadência. Não em termos técnicos, mas motivacionais. Por isso, ele fez apenas um jogo oficial completo sob a batuta do técnico, quando o Atlético foi eliminado da Libertadores, pelo Nacional de Medellín. As justificativas e cobranças ajudariam a acelerar o adeus do craque, tanto que a parceria durou só quatro partidas, além dos três amistosos promocionais na China durante a parada para a Copa do Mundo de 2014. Considerando as competições oficiais, o camisa 10 ficou em campo somente por 264 minutos, não marcou gol e nem deu assistências no período. Após a despedida, Levir conquistou a Copa do Brasil, enquanto Ronaldinho ajudou o Querétaro a alcançar uma inédita final da Liga Mexicana. Um ano depois, eles deverão apertar as mãos antes do confronto no Rio. Mas, quando a bola rolar, a bandeira branca será deixada de lado. “Ele pode ter mudado. Se estiver disposto a pagar o preço que é ser um atleta profissional, ainda vai dar muita alegria para o torcedor”, amenizou o técnico logo após a volta do craque ao futebol brasileiro. Poupados Os meias Giovanni Augusto e Rafael Carioca foram poupados do treino dessa sexta-feira (28) devido a uma fadiga muscular, mas devem enfrentar o Tricolor. A principal novidade no time é a volta do atacante Thiago Ribeiro, que havia dado lugar a Patric contra o Figueirense, pela Copa do Brasil. Além do Gaúcho, Levir Culpi também entrou em colisão com Diego Tardelli, Marcos Rocha, Guilherme e até mesmo com o ex-presidente Alexandre Kalil. Por outro lado, o treinador perdoou e deu uma segunda chance a Emerson Conceição, Jô e André após ato de indisciplina em novembro do ano passado