Mais uma 'contra o vento': Atlético lança camisa para aumentar coleção de torcedor fanático

Frederico Ribeiro
fmachado@hojeemdia.com.br
06/04/2017 às 20:50.
Atualizado em 15/11/2021 às 14:02

Uma réplica de camisa "retrô" do Atlético reúne dois ícones do capitalismo - Coca-Cola e Adidas. A peça é comercializada em lojas especializadas e pode ser vista nos estádios em dias de jogos do clube. Faz sucesso, mas jamais existiu na história do Galo. Quem atesta é um verdadeiro especialista no assunto, que resume esta sexta-feira (7), dia de lançamento de uma novo modelo, com uma palavra: "ansiedade".

Para os torcedores "normais" do Galo, hoje é dia de descobrir o novo manto que a equipe profissional irá utilizar no restante da temporada, a começar pela retomada da Copa Libertadores na próxima semana. Mas para o arquiteto André Macedo, será a hora de conhecer a futura peça de uma coleção capaz de reunir só relíquias da história do clube, novamente assinada pela Topper, às 19h30. 

Guia para uma viagem no túnel do tempo do Atlético, o colecionador de apenas camisas utilizadas por jogadores do clube, de 1970 adiante, guarda um tesouro de 520 peças do clube. Dentre elas, os oito modelos usados pelo Galo nas Libertadores de 1972, 1978, 1981, 2000 e 2013 até 2016. E a coleção teve o pontapé inicial com um modelo que ajudou o clube a voltar à competição na virada do milênio.

"Em 1999, eu comecei a trabalhar e o Atlético lançou uma camisa sem patrocínio, depois de muito tempo. Então, a partir daí eu comecei a procurar camisas de jogo e sempre buscando camisas de goleiro. Nesta busca, consegui contato de um ex-roupeiro do Atlético, que alavancou toda a busca".

André é especialista em camisas de goleiros. De 1979 adiante, ele tem uma peça de cada ano. Uma relíquia da coleção é a camisa cinza que Victor foi proibido de usar no Mundial de 2013, por determinação da Fifa

RELÍQUIAS INTERNACIONAIS

No armário do escritório de arquitetura em Belo Horizonte, o Atlético domina o espaço com peças de decoração do ex-piloto de F1 Nelson Piquet. Em meio a malas abarrotadas de camisas, André tira do cabide modelos da década de 1970 e 1980. O algodão com as costuras de números e escudos, livre dos coloridos patrocinadores, fazem o delírio dos mais tradiocionalistas.

Em 1972, o Atlético disputou a primeira Libertadores como campeão nacional com uma camisa com poucas modificações em relação ao ano anterior. A principal delas foi na gola, que ganhou listras brancas. Seis anos depois, o Atlético voltava a disputar o torneio com a brilhante geração de Reinaldo e companhia. A camisa daquele ano tinha mudança no escudo (mais moderno) e número vermelho em borda dourada. 

De 1978, André possui um manto usado pelo Rei. O ídolo, porém, não atuou naquela Libertadores na qual o Galo chegou até o triangular da semifinal. O artilheiro ficou o primeiro semestre por conta da Copa do Mundo da Argentina e, após o Mundial, viajou aos EUA para operar o joelho que lhe valeu longa recuperação e retorno só no ano seguinte.

 Cristiano Machado/Hoje em Dia

"Para conseguir as camisas, utilizamos contatos de amigos de jogadores, ex-funcionários, diretores, além de pesquisar na internet o acervo de outros colecionadores. A melhor forma de negociar é tentar trocar camisas. Já peguei camisa do Atlético no Japão, na Bulgária, Inglaterra, França, Portugal e Holanda"

Em 1981, o Atlético tentava pela terceira vez conquistar a América, com um time de estrelas montado por Elias Kalil. Naquele ano, o clube entrava em campo pela primeira vez expondo a marca de um fabricante. “Foi quando apareceu a Rainha. A cada jogo havia mudança nos detalhes da logo, como as bordas e a posição dela na camisa. Cada camisa modificada está na coleção", conta André.

Após um hiato, o Galo voltou à Libertadores em 2000, já em outra época de confecções têxtil. A falta de padronização fez André correr atrás de todos os 40 modelos diferentes usados só naquele ano. Para se ter uma ideia, a camisa predominantemente preta, com o patrocínio específico divulgando um carro de uma montadora de automóveis foi costurado na camisa e usado apenas 45 minutos de uma partida daquela campanha. O Atlético parou nas quartas de final e só voltaria a disputar a Libertadores mais de 10 anos depois. 

Em 2013, porém, retornaria de forma triunfante. O ano da consagração é também o mais especial para André. O colecionador possui uma peça de cada um dos 11 titulares da campanha, além de luvas e chuteiras do goleiro Victor, uma chuteira de Ronaldinho do jogo contra o Arsenal de Sarandí. Depois, vieram modelos assinados pela Puma (2014 e 2015), pela Dryworld, e, agora, também pela Topper.

FUTURO MUSEU

Nestas cinco décadas, o Atlético chegou a usar outras fabricantes, como a Umbro nos anos 1990 (que chegou a entrar em briga judicial com o clube e, numa camisa rara, teve o logotipo tampado por um patrocínio de um parque de diversões aquáticas), Dell'Erba, Pênalti. Além de patrocínios de empresas multinacionais ou locais, seja para uma temporada inteira ou apenas um jogo. "Toda vez que o Atlético usa patrocínios "provisórios" se dá mal na partida, sempre perde".

As preciosidades colhidas por André Macedo não passam despercebidas pelo clube. O Atlético tem o projeto de construir um Museu no futuro estádio, no bairro Califórnia. Antes disso, porém, exibi camisas históricas num memorial da sede administrativa de Lourdes. Os mantos mais raros e outras peças são disponibilizadas por André e outro exímio colecionador, o engenheiro Rafael de Souza Perez. Ambos fazem parte do Centro Atleticano de Memória, uma união de torcedores que preservam a história do clube.

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