O manifesto de 75 jogadores profissionais que atuam no País, muito dos quais de grande expressão, criticando o calendário brasileiro, surpreendeu Alfredo Sampaio, presidente em exercício da Federação Nacional dos Atletas Profissionais de Futebol (Fenapaf). O dirigente sindical disse estar na torcida pelos atletas, se colocou à disposição, mas lamentou que a sua entidade tenha ficado fora do movimento.
"Eu recebi esse manifesto com dois sentimentos. Um de grande felicidade, pois pela primeira vez estamos vendo jogadores fazendo uma movimentação por mudanças de forma coletiva, e isso é de extrema importância. Estou à frente do sindicato há muitos anos e vejo o quanto é dura essa luta. O outro sentimento é de tristeza pelo sindicato ter sido ignorado. Dá uma sensação de vazio", disse Sampaio, alegando que está na luta há muitos anos.
Mais experiente que os atletas no movimento sindical, Sampaio dá conselhos. "Na manhã desta terça eu enviei um texto para todos os capitães de clubes e acho que é preciso um plano B, pois sentar na mesa e conversar com CBF e televisão é duro. Se a CBF falar não, o que deve ser feito?", questiona.
Ele mesmo dá a resposta: é necessário radicalizar. "Acho que tem de se fazer greve nas duas últimas rodadas do Brasileirão, para que não haja partidas. Se não for de forma contundente, não vai mudar nada", diz o dirigente, que não esconde: "Acho que esse grupo pode fazer o que não conseguimos".
O presidente da Fenapaf garante que está do lado dos atletas nessa luta, mas avisa que a tarefa será árdua. "Estou no apoio e na torcida, mas vamos aguardar os próximos capítulos. Quero ver se esse movimento vai ter fôlego e coragem. Uma coisa é a gente que representa a entidade, outra é eles que atuam no dia a dia e terão de encarar os dirigentes. Se fizerem algo, vai ser histórico. A torcida é para que consigam, pois estamos do lado deles."