(Luiz Costa)
A ida de Mano Menezes para o Shandong Luneng (China), com salário de R$ 2 milhões mensais, é só mais um exemplo da sedução financeira de mercados emergentes sobre atletas e treinadores do futebol brasileiro.
Essa história já tem quatro décadas. O pontapé inicial foi dado por Pelé, na década de 70, ao retomar a carreira para defender o Cosmos (EUA). Neste ano, apenas no futebol mineiro, Ricardo Goulart, Éverton Ribeiro e Diego Tardelli já haviam trocado as chances na Seleção Brasileira pelos salários chineses e árabes.
Ao aceitar a oferta tentadora de R$ 50 milhões por dois anos de contrato, o técnico do Cruzeiro entra em contradição com seus próprios conceitos. Quando assinou, Mano pediu um contrato longo, até dezembro de 2017, com uma multa rescisória de R$ 7 milhões. Além disso, desde a chegada à Toca da Raposa, o treinador vinha sendo enfático sempre que se pronunciava sobre a importância do trabalho de longo prazo.
Na China, Mano no mínimo adiará o sonho de trabalhar no futebol europeu. Após a saída traumática da Seleção, em dezembro de 2012, o treinador viveu um período complicado no Flamengo, em 2013, e no Corinthians, no ano passado.
Em busca de aperfeiçoamento, ele passou sete meses estudando e fez, inclusive, o curso de técnicos da Uefa em Portugal. Assim, o sucesso no Cruzeiro era visto como uma volta por cima.
Últimos detalhes
Embora diga que o negócio ainda não está fechado, o treinador já está de malas prontas. O que pesa é a multa rescisória: o Shandong tenta negociar, mas a Raposa só libera o treinador com os R$ 7 milhões em mãos.
“A proposta é completamente fora dos padrões da normalidade, por isso considero aceitá-la. Não gosto de falar dessas questões, mas vocês podem ter certeza que, como projeto, ideia e parte financeira, não dá nem para pensar em desconsiderar”, disse Mano, que se despede do clube domingo, contra o Internacional.
Substituto
Nos bastidores, é dada como certa a efetivação de Deivid como treinador do Cruzeiro. “É um dos profissionais com os quais o clube vai aprofundar a conversa. Ele é uma opção, considerando o conhecimento que tem do clube e do trabalho”, defende o diretor de futebol, Thiago Scuro.