(Washington Alves/Light Press/Cruzeiro)
Em 1981, no auge da fama, o cantor Toninho Horta fez sucesso com a música “Manuel, o Audaz”. Diz a lenda que Toninho e Fernando Brant escreveram a canção em homenagem a Manuelzão, personagem de Guimarães Rosa no romance “ Grandes Sertões Veredas.”
O Audaz, no entanto, era um jipe amarelo que enfrentava os sertões de Minas Gerais com voracidade e levava a turma do Clube da Esquina para todo lado. No futebol, pelo o que vem apresentando nas últimas partidas, o zagueiro Manoel, do Cruzeiro, pode ser comparado ao imponente jipe amarelo de Horta e Brant.
Afinal, diante do Grêmio hoje, às 16h, no Mineirão, pela 29ª rodada do Campeonato Brasileiro, o defensor completa a 29ª partida seguida com a camisa estrelada, 27 delas como titular, números idênticos ao do goleiro Fábio, que fica fora de pouquíssimas partidas.
A confiança é tanta que o zagueiro tem até se aventurado no ataque. No compromisso contra o Coritiba, no Mineirão , na última rodada, ele teve destaque na vitória por 2 a 0. Com a equipe em desvantagem numérica em campo, já que Paulo André havia sido expulso, Manoel conduziu a bola no campo de defesa, tocou para Alisson e se deslocou para a área, como um centroavante. Ele recebeu de volta e deu a assistência para Willian marcar o segundo gol.
“Com o Mano Menezes, temos mais tranquilidade para defender e sair na hora certa. Todos estão ajudando o sistema defensivo e estamos assimilando isso. Com a bola temos de jogar; sem a bola, temos de marcar, para não sermos surpreendidos”, diz o zagueiro.
Mistério
Para o jogo com o Grêmio, o técnico Mano Menezes adota o tom de mistério em relação ao substituto do atacante Alisson, lesionado. O atacante Leandro Damião e o meia Júlio Baptista disputam a vaga. Caso opte pelo primeiro, Mano mudará o esquema da equipe, que vinha atuando sem centroavante fixo.
Recuperado de uma pancada no tornozelo direito, Damião não joga desde o confronto contra a Ponte Preta, pela 22ª rodada do Brasileirão. “O Damião vem fazendo trabalhos normais. É um jogador com característica diferente do Alisson. A gente inverte o trabalho do Willian. Temos de tomar a decisão em cima disso: iniciar a partida com um homem de característica de finalização, como o Damião, ou manter o Willian e colocar um meia, ponta, para trabalhar mais a bola”,analisa o treinador.
Se Mano optar por Júlio Baptista, o esquema de jogo será mantido. “O Júlio não é jogador de lado, mas um meia, ponta de lança. Tem característica de um atleta que trabalha entre dois zagueiros. Manteria o que a gente tem feito nas últimas partidas. O jogador de lado seria o Allano e o Willian se manteria centralizado”, cogita Mano.