(Dimitar Dilkoff / AFP)
Sempre bastante firme em seus posicionamentos, o ídolo argentino Diego Maradona não poderia deixar de comentar as cenas de barbárie vistas nos arredores do Monumental de Núñez no último sábado, que adiaram a final da Libertadores entre River Plate e Boca Juniors. O técnico do Dorados de Sinaloa, do México, lamentou o ocorrido.
"O que aconteceu no meu país é lamentável, está tudo fora de órbita. Na Argentina, hoje, é um terror ir para o campo. Lamentavelmente, tenho que dizer que sou muito argentino, que odeio a violência e que merecemos o que temos", declarou após seu time garantir vaga na decisão da segunda divisão mexicana.
Crítico ferrenho do presidente da Argentina, Mauricio Macri, que presidiu o Boca Juniors por 12 anos, Maradona culpou a crise vivida no país e o governo pelas atitudes de torcedores do River Plate, que apedrejaram o ônibus que levava o time rival para o estádio.
"A presidência que o Macri está fazendo é a pior de todos os tempos. Nós, argentinos, merecemos o que temos porque fomos nós que votamos. Ele (Macri) foi filho de milionários por toda a vida, por que vai se importar com uma criança de cinco anos em coma?", disparou.
Maradona explicou que a violência vista no sábado e em outros momentos recentes no país é fruto do desespero gerado pela crise. "Não há segurança, há roubos, as pessoas não comem. O presidente prometeu - não para mim, porque nunca votei e nunca votaria nele - e enganou muita gente, dizendo que ia mudar isso e aquilo. E hoje estamos pior que há muito tempo."
O apedrejamento do ônibus do Boca provocou lesões na região dos olhos de dois jogadores, os meias Pablo Pérez, que é o capitão do time, e Gonzalo Lamardo. Além disso, outros atletas passaram mal, pois um artefato contendo gás pimenta também foi atirado no veículo, e torcedores do River entraram em confronto com a polícia e invadiram o Monumental de Núñez.
Diante deste cenário, um longo impasse gerou o clima de incerteza visto por horas no sábado. O horário do jogo chegou a ser adiado em duas oportunidades. Somente quando as diretorias de River e Boca entraram em acordo e comunicaram o desejo do adiamento da data da partida, a Conmebol estabeleceu que ela fosse disputada neste domingo, às 18 horas (de Brasília).
Para outro ídolo do Boca, o ex-meia Riquelme, porém, o duelo não deveria ser disputado. "São pessoas, já não importa mais a partida. O mais importante é que nenhum jogador está gravemente ferido. O resto, não interessa. Falei com alguns que estavam lá. Primeiro, acho que o mais importante é a saúde", opinou.