(Toninho Almada)
Jogando ao lado do croata Ivan Dodig, o tenista mineiro Marcelo Melo forma, atualmente, a terceira melhor dupla do mundo. Antes de ir em busca do que pode ser o maior título da carreira, o ATP Finals, em Londres, entre 4 e 11 de novembro, ele tirou duas semanas de folga em Belo Horizonte para descansar e se preparar.
De qualquer forma, 2013 já é a melhor temporada da vida de Melo, também o oitavo duplista no individual. Mas ele sonha mais alto, inclusive, com o título de campeão olímpico, em casa, na Rio-2016, ao lado de outro mineiro, o amigo Bruno Soares.
Este ano é especial?
Está sendo bem legal. Conseguimos alcançar resultados que sempre tivemos como objetivo, mas nunca conseguíamos. Caíamos nas quartas de final dos principais campeonatos. Agora chegamos à final de Wimbledon. Ganhamos confiança e evoluímos nossa parceria. No último torneio, atingimos o melhor resultado, com o título do Masters 1000 de Xangai. É o reconhecimento de todo um trabalho. Treino desde criança, morei fora muito tempo, tive que abrir mão de muita coisa. Aos 30 anos, colho os frutos.
Como é jogar de igual para igual contra lendas do tênis mundial?
É muito legal estar em quadra contra jogadores como Federer e os irmãos Bob e Mike Bryan. E vencê-los, como aconteceu em Xangai. Mas não é fácil, principalmente os Bryan, que mudam de estratégia de jogo o tempo todo durante a partida.
Por que você e Dodig decidiram oficializar a dupla para a temporada?
Jogamos juntos, pela primeira vez, no ATP 500 de Memphis (EUA), no ano passado. Meu parceiro, na época, cancelou a participação, e o dele, também. Para não perder a viagem, jogamos juntos e chegamos à final. Pouco tempo depois, jogamos Roland Garros e chegamos às quartas, o que nos mostrou que tínhamos potencial. A partir dali, combinamos a parceria.
Você vem de uma família de tenistas. Qual a influência?
Meus irmãos (Ernani e Daniel Melo) jogaram profissionalmente. Meus pais também jogam. Desde pequeno, sempre queria ir junto. Acabou que me tornei o mais bem sucedido. Mas o melhor disso é realizar o sonho dos meus pais, que sempre lutaram pelos meus irmãos.
Quais os planos para o final da temporada e 2014?
Faltam apenas dois torneios, o Masters 1000 de Paris (começa hoje) e o grande objetivo, que é o ATP Finals, no qual queremos surpreender. Quem sabe voltar com o título. Em 2014, continuo com o Ivan, já que é desejo mútuo. Queremos repetir e melhorar os resultados deste ano.
Para a Olimpíada do Rio, em 2016, você e o Bruno Soares já têm planos?
Em princípio, vamos continuar jogando separados e nos juntando na Copa Davis, que nos faz treinar juntos pelo menos duas semanas. Temos o objetivo de jogar a Olimpíada do Rio. Chegando mais perto, no segundo semestre de 2015, devemos ir a mais torneios juntos. No início de 2016, vamos retomar a parceria para chegarmos lá bem afinados.
Como você vê o cancelamento do BH Open dois anos seguidos?
É triste um torneio de tanta tradição acabar. Ainda mais a única competição internacional jogada em Belo Horizonte. Temos três jogadores daqui brilhando no mundo (nas duplas) e não temos um torneio em casa. Além disso, vários atletas em início de carreira, como Nalbandian, Del Potro, Cañas, Guga, passaram por aqui.
Qual sua avaliação sobre o atual momento do tênis brasileiro, sem nenhum atleta no top 100 de simples?
É ruim não termos tenistas bem colocados. Mas não significa que não temos bons jogadores. Temos o (Thomaz) Bellucci, que livre das lesões, pode ir longe. E o Guilherme Clezar, que vem jogando muito bem. O maior problema é na Davis, pois precisamos não apenas de um, mas de dois tenistas. Sem isso, é muito complicado voltar ao Grupo Mundial.
E a ótima temporada do Bruno Soares? Como é enfrentá-lo?
Somos amigos desde dez anos. É gratificante nós dois alcançarmos o melhor ranking de nossas carreiras no mesmo ano. Apesar de não jogar com ele mais, não o vejo como rival. É cada vez mais normal nos cruzarmos, afinal, se estivermos bem, não tem como evitar. Em quadra, é até engraçado, porque conheço 95% do jogo dele, e ele do meu. Temos que nos esforçar ao máximo para sair com a vitória. l