(Reprodução)
Marlone estava encostado no Corinthians. Decepção no começo da temporada, seria utilizado como moeda de troca pela diretoria para a contratação de um centroavante. Foi oferecido para muitos clubes, mas não houve acordo. Ele continuou trabalhando e, com a chegada de Cristóvão Borges, com quem trabalhou no Vasco, viu suas esperanças se renovarem. Nesta segunda-feira, no Itaquerão, ele garantiu um triunfo que parecia improvável diante do atrevido Vitória, de virada, por 2 a 1, e recolocou o time no G4 do Brasileirão, agora em terceiro lugar, com 37 pontos. O resultado ajudou o Cruzeiro, já que o Vitória é adversário direto na luta contra a Série B. A derrota do time baiano manteve a Raposa fora do Z4.
Marlone, nome pedido pelos torcedores nas últimas partidas, entrou no intervalo, no lugar de Romero - o time perdia por 1 a 0 - e com cinco minutos em campo igualou o marcador num golaço. Aos 26, participou do lance da virada. Sua entrada incendiou a partida e, num dia em que o time não foi brilhante (já está virando rotina o futebol burocrático), ele garantiu a festa dos torcedores após três empates seguidos em casa.
Pior para quem não quis ir no Itaquerão - apenas 20.207 pagantes (o menor público no estádio em jogos do Corinthians, superando os 22.029 diante da Ponte Preta, em março) - e perdeu uma noite mágica do camisa 8. Será que Cristóvão vai ter coragem de barrar seu herói no sábado diante da Ponte Preta? É bem provável que terá novamente de mudar o esquema.
Nesta segunda, mais uma vez o técnico Cristóvão Borges mexeu na escalação. A meta era acabar com as "oscilações", segundo explicou. Rodriguinho ganhou a vaga de Giovanni Augusto no meio, e na frente Guilherme virou um falso 9 na vaga de André. O atacante ficaria no banco, mas viajou para Portugal para fechar sua transferência ao Sporting. Os portugueses vão pagar R$ 7 milhões ao alvinegro pelo atacante e "perdoar" a dívida de Elias. Este valor será investido na contratação de Gustavo, centroavante do Criciúma.
Após três empates seguidos em casa (1 a 1 com São Paulo, Figueirense e Cruzeiro), a obrigação da vitória diante de rival na zona de rebaixamento e valendo vaga no G4 deixou os corintianos um pouco nervosos no começo do jogo. Apesar da disposição e das tramas boas, o passe final acabava com as jogadas. Foram necessários 15 minutos para o primeiro susto aos baianos. Uma arrancada da defesa com troca de passes de primeira terminou com chute do convocado Fagner raspando a trave.
Ao menos a defesa não dava brechas para o rápido Marinho e o perigoso Kieza. Eles apostavam na velocidade, porém não ameaçavam Cássio.
A torcida então acordou. E com o grito cada vez mais forte dos corintianos na Arena após minutos de domínio de bola do Vitória, o Corinthians resolveu pisar no acelerador. E por pouco não tirou o zero do placar com Rodriguinho. A aposta de Cristóvão driblou Kanu e chutou na trave aos 27 minutos. Logo depois Bruno Henrique chutou por cima. Uendel, então, tirou o grito de gol da galera. Mas o chute foi desviado pelo goleiro e a bola morreu na rede pelo lado de fora.
Virou jogo de ataque contra defesa. Enfim o Corinthians dominava, apertava, sufocava. Faltava o capricho na finalização. Até surgir um bicão para frente de Kanu aos 43 que virou lançamento. A bola chegou a Marinho, que chutou forte para trás e Yago, para o lado errado, desesperado, anotou contra. Abalado, Yago correu para o vestiário. Tinha o peso da derrota parcial nas costas, apesar do respaldo dos companheiros.
Atrás do marcador, Cristóvão mudou o time no vestiário, tirando um atacante, Romero, e optando por um meia, Marlone. Estranho e que deu muito certo. O camisa 8, logo aos 5 minutos, recebeu de Elias, passou pelo marcador e soltou uma pancada para empatar.
Hora de pressionar? Que nada, o Vitória é quem perdeu a chance do segundo logo depois de sofrer a igualdade. Marinho deixou a defesa na saudade e bateu forte, imitando o primeiro gol. Desta vez, contudo, Yago não desviou e Vander perdeu gol feito. Não fez... Levou a virada.
E não é que Cristóvão provou ter estrela. Bastante questionado por suas substituições em empates recentes na arena, ele viu Marlone mudar o rumo de um tropeço que parecia certo. O meia deu passe açucarado para Uendel cruzar no peito de Marquinhos Gabriel: 2 a 1 aos 26 do segundo tempo.
Na frente, era hora de o alvinegro segurar o importante triunfo. E foi o que aconteceu. Cássio não passou mais sustos e em contragolpes o time poderia aliviar a pressão dos minutos finais. Mas exagerou no preciosismo. Festejou, contudo, os três pontos suados e a terceira colocação na tabela.
Já o Vitória seguiu estacionado na 17ª posição, com 23 pontos, e continua encabeçando a zona de rebaixamento. O resultado desta noite de segunda-feira acabou sendo bom para Internacional e Cruzeiro, que têm os mesmos 23 pontos da equipe baiana e ocupam respectivamente a 15ª e 16ª colocações.
CORINTHIANS 2 x 1 VITÓRIA
CORINTHIANS - Cássio; Fagner, Yago, Balbuena e Uendel; Bruno Henrique (Cristian) e Elias; Rodriguinho, Marquinhos Gabriel (Giovanni Augusto) e Rodriguinho; Romero (Marlone). Técnico: Cristóvão Borges.
VITÓRIA - Fernando Miguel; Diogo Mateus (Euler), Kanu, Victor Ramos e Diego Renan; Marcelo (Tiago Real), William Farias, Cárdenas (Serginho) e Vander; Marinho e Kieza. Técnico: Vágner Mancini.
GOLS - Yago (contra), aos 42 minutos do primeiro tempo; Marlone, aos 5, e Marquinhos Gabriel, aos 26 do segundo.
ÁRBITRO - Bruno Arleu de Araújo (RJ).
CARTÕES AMARELOS - Marinho, Vander, Diogo Mateus, Marcelo, Balbuena e Fagner.
RENDA - R$ 930.524,00.
PÚBLICO - 20.207 pagantes.
LOCAL - Itaquerão, em São Paulo (SP).