Medalhista no parapan, mineiro luta contra a falta de patrocínio e apoio

Hoje em Dia (*)
24/08/2015 às 09:32.
Atualizado em 17/11/2021 às 01:28
 (Eugênio Morais/Hoje em Dia)

(Eugênio Morais/Hoje em Dia)

Mineiro de Santa Luzia, o tenista paralímpico Daniel Rodrigues esbanja alegria com as duas medalhas conquistadas nos Jogos Parapan-Americanos de Toronto, no Canadá. O atleta ficou com o bronze em simples e, ao lado do candango Carlos Santos, foi prata em duplas.

Sem patrocínio, com dívidas e com os auxílios governamentais suspensos, o 18° do ranking mundial, ainda assim, mira a Paralimpíada do Rio em 2016.

Por ora, Daniel precisa da ajuda de amigos para continuar sonhando. “Estou sem receber o Bolsa Atleta do governo federal, de R$ 3.100, e estadual, de R$ 2.500 por mês, desde janeiro deste ano. Preciso pegar dinheiro emprestado com pessoas próximas para me manter”, desabafou ele em entrevista ao Hoje em Dia.

A dívida dele com os amigos já ultrapassou os R$ 5.500. Para suprir as dificuldades financeiras, ele pensou em dedicar-se menos ao esporte e começar a trabalhar.

Os recursos de Daniel são poucos, e ele precisa custear as bolas de tênis, a corda da raquete, a manutenção da cadeira de rodas que usa para praticar o esporte, entre outras despesas que somam cerca de R$ 2.200 mensais, sem contar os gastos com viagens dentro do país.

A falta de patrocínio incomoda. “A lei do incentivo ao esporte acaba me atrapalhando em conseguir patrocínio, porque é muito burocrático”, conta Daniel, que é grato ao treinador Léo Butija, que o acolheu nos treinamentos e o ensina gratuitamente.

Em busca de estabilidade financeira, Daniel procurou alternativas para estudar e foi contemplado com um bolsa de inglês e um curso de administração.

Noivo da fisioterapeuta Natália Cristina, ele já planeja formar uma família. “Quero ter filhos e passar para eles toda a disciplina que o esporte me ensinou”, conta.

Aprendizado que ele adquiriu no dia a dia, sempre com bom humor e de bem com a vida, apesar de muitos obstáculos desde a infância. “Depois que aprendi a perder, eu comecei a valorizar a vitória”, reflete.

Fenômeno

Daniel relata que o sucesso no esporte paralímpico faz dele o orgulho de Santa Luzia e da família.
“Para eles, eu sou o Ronaldinho Fenômeno. Todo mundo me conhece. Agora, quero ser reconhecido nacionalmente como representante do Brasil”, afirma, empolgado.

A pretensão de Daniel passa pela vontade de ser exemplo para outras pessoas. “Essa medalhas representam todos aqueles que me apoiam. Meu treinador, família, amigos. Essa medalhas é fruto de muita luta. Esse apoio me fortalece cada dia mais para continuar vencendo e sendo exemplo”, finaliza Daniel, que enxerga a dificuldade como uma escada para a superação.

(*) Colaborou Mateus Marotta

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