Meninas do hóquei ficam distantes de disputar Olimpíada

Estadão Conteúdo
07/08/2014 às 08:12.
Atualizado em 18/11/2021 às 03:41

Os praticantes de algumas modalidades olímpicas pouco difundidas no Brasil sonhavam que, com a participação na Olimpíada do Rio, em 2016, poderiam iniciar um período de crescimento. As meninas da seleção feminina de hóquei na grama, aparentemente, vão ter que continuar apenas sonhando. Na última segunda-feira (4), a Confederação Brasileira de Hóquei sobre a grama e indoor (CBHG) comunicou oficialmente que o Brasil não vai participar da Liga Mundial, que será disputada no próximo mês em Guadalajara, no México.

Para poder participar dos Jogos Olímpicos do Rio, em 2016, o Brasil teria que apresentar um patamar técnico mínimo - a Federação Internacional só garantiria a participação do país anfitrião se a seleção ficasse entre as 40 primeiras do ranking até o final deste ano - atualmente é a 41.ª e a última oportunidade para pontuar seria a Liga Mundial.

"A CBHG precisava do apoio da Federação Catarinense, que havia sido prometido por uma empresa do Estado. Como esse patrocínio não foi confirmado, a participação foi cancelada", disse Bruno Patrício, gerente-geral da entidade nacional.

Haveria ainda a possibilidade de a seleção feminina ser incluída na Olimpíada via convite da Federação Internacional, mas essa hipótese é considerada pouco provável por Bruna Ferraro, uma das principais jogadoras da seleção feminina - ela defendeu uma equipe belga na última temporada e na próxima jogará por um time de Nantes, da França.

"O problema é que a Confederação Brasileira perdeu a credibilidade. A Federação Internacional não vai alterar suas regras para incluir a seleção de uma entidade que fez diversas promessas, como a de estruturar um campeonato nacional e desenvolver o hóquei no país, e nunca cumpriu".

A seleção brasileira masculina vai participar da Liga Mundial, com despesas pagas pela CBHG, que recebeu R$ 1,7 milhão via Lei Piva, que destina 2% do prêmio pago aos apostadores de todas as loterias federais do país ao COB. Segundo o acordo com a Federação Internacional, a seleção masculina precisa se colocar entre as 30 melhores do mundo para ir ao Rio - ocupa atualmente a 34.ª posição.

Essa diferença de tratamento é criticada pelas jogadoras. "Essa é uma decisão burra. As chances da seleção feminina de obter um bom desempenho na Olimpíada são melhores do que as da masculina. A diferença tática, técnica e física do Brasil em relação às principais potências, como Holanda, Austrália e Espanha, é maior no masculino do que no feminino. Estou muito triste porque há muito tempo treinamos para chegar a um nível decente", lamentou Bruna.
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