Mineirão e camisa autografada pelos campeões da Copa atraem torcida alemã

Gláucio Castro - Hoje em Dia
02/03/2015 às 08:27.
Atualizado em 18/11/2021 às 06:11
 (Lucas Orates/Hoje em Dia)

(Lucas Orates/Hoje em Dia)

A Alemanha tem o moderno Alianz Arena, em Munique, o tradicional Olympiastadium, em Berlim, e o gigantesco Signal Iduna Park, em Dortmund. Mas, desde 8 de julho de 2014, o país conhecido mundialmente pelas suas cervejas, chucrutes e castelos incorporou um “novo estádio” em sua galeria.

Palco da partida mais emblemática na campanha do tetracampeonato mundial, o Mineirão, localizado a cerca de 10 mil quilômetros do país europeu, virou ponto de peregrinação de alemães em viagem pelo Brasil. Apesar de não ter dados oficiais sobre o número de visitas, a Minas Arena, administradora do Gigante da Pampulha, confirma que, após o fatídico 7 a 1, é cada vez maior o número de torcedores da terra do goleiro Neuer e do atacante Thomas Müller interessados em visitar o local.

“Não dá para acreditar que eu estou aqui pertinho do campo onde tudo aconteceu”, exclama Sabine Koch Menezes, 30 anos, ao chegar ao gramado. Testemunha presencial naquela tarde histórica, a alemã, que mora há três anos no Brasil, voltou nesta semana ao Mineirão para matar saudades e tirar algumas fotos de recordação.

“Inacreditável o que aconteceu aqui. Até hoje tem hora em que a gente pensa que não aconteceu. Voltando aqui é possível sentir praticamente a mesma vibração daquele dia”, completa, enquanto observa cada detalhe do interior do estádio.

Desde o dia 9 de fevereiro, a visita ficou ainda mais interessante para os alemães. O cônsul geral da Alemanha, Harald Klein, doou no início do mês uma camisa oficial da seleção campeã, autografada por praticamente todos os jogadores tetracampeões. A recordação está bem na entrada do campo, por onde os atletas tetracampeões entraram no gramado. Ao ver a camisa, Sabine tentou reconhecer cada uma das assinaturas e registrou tudo em fotos para
enviar aos amigos do outro lado do Atlântico.

“Hoje em dia todos os alemães conhecem Belo Horizonte e o Mineirão. Aquele jogo entrou para a história. A gente imaginava um 2 a 2 ou 3 a 3 e depois pênaltis, mas nunca um 7 a 1 como aquele”, diz a alemã.

Nada de time

Apesar de não ser torcedora de nenhum time em especial, tanto na Alemanha quanto no Brasil, Sabine não poupou esforços para participar da Copa do Mundo do Brasil.

Das seis partidas realizadas no Mineirão durante o Mundial, ela só não esteve presente ao confronto entre Brasil e Chile, pois não encontrou ingressos. Mesmo assim, foi com o marido para a região da Pampulha para não ficar fora da festa alemã.

Lembrança de um dia marcado pela euforia e constrangimento

Nascida em Berlim, Lisa Marie Kruse Dias Silva, de 27 anos, preferiu assistir em casa, com o marido e amigos, ao jogo da Copa entre Brasil e Alemanha. O professor de alemão Florian Alexander Geprägs, de 44, também da capital alemã, escolheu um bar para acompanhar o duelo ao lado da esposa, familiares e conhecidos.

Nesta semana, eles também estiveram no Mineirão para visitar o palco sagrado dos 7 a 1. “Foi surreal aquele jogo. Meus amigos da Alemanha sempre falam comigo que quando vierem a Belo Horizonte querem conhecer o estádio”, diz Florian, que vive em BH há um ano e meio.

Dentro do Mineirão, eles percorreram os espaços onde os tetracampeões passaram naquele 8 de julho. Nas arquibancadas, vivenciaram as sensações dos torcedores. Dentro do campo, tiveram o mesmo gostinho de Müller, Klose & Cia.

O passeio pelo Gigante da Pampulha fez Lisa relembrar não apenas os 7 a 1, mas toda a festa da Copa. “Eu gosto muito deste estádio. Estar aqui é sempre muito gostoso, ainda mais depois desta vitória. Lembrei também do dia da partida entre Argélia e Bélgica”, afirma.

Sabine Koch, que presenciou o jogo no estádio, conseguiu localizar, mesmo de longe, o lugar onde ficou com o marido Diego Nery Menezes, de 32 anos. No dia do jogo, ela foi ao Mineirão vestida com uma Dirndl, roupa típica alemã, e o rosto pintado com as cores do Brasil. Diego, que é brasileiro, usava a camisa da Seleção e as cores da Alemanha.

Apesar de a goleada ter marcado a Copa, os três são unânimes em afirmar que no dia o sentimento de muitos alemães foi de constrangimento. “Quando saiu um, dois, três gols, a gente vibrou muito. Depois, os alemães que estavam nas arquibancadas começaram a pedir desculpas para os brasileiros”, conta Sabine. “Eu me coloquei no lugar dos brasileiros e fiquei desconfortável com o placar”, diz Florian.

Os três mantêm em BH grupos para divulgar a cultura alemã. Sabine e Florian coordenam o Liebe & Lebe Deustsch, e Lisa o Ursaminor.

Museu do Futebol terá ala com acervo do último Mundial

Mas não são apenas os alemães que podem passar momentos agradáveis nos bastidores do Mineirão. Apesar de a remodelada arena ter ficado marcada pelo maior vexame brasileiro em uma Copa do Mundo, o Gigante da Pampulha, que foi totalmente reformado para a disputa do Mundial, ganhou o Museu do Futebol e visitas guiadas, que levam o torcedor a praticamente todos os pontos do estádio.

Desde que foi inaugurado, em 2013, mais de 100 mil pessoas já passaram pelo museu. Atualmente, existem três tipos de visita. Uma que dá direito a conhecer apenas as instalações do Mineirão, outra que permite a entrada ao Museu do Futebol e uma conjunta. As duas primeiras custam R$ 8, cada, e as duas juntas, R$ 14.

Quem optar por conhecer as dependências do estádio poderá visitar os vestiários, gramado, área vip, sala de imprensa, túnel de entrada ao campo e novas arquibancadas.

Acervo

O Museu conta com 14 alas e em breve terá um espaço destinado à Copa do Mundo, com objetos que fizeram parte das seis partidas disputadas durante o Mundial.

O atual acervo é formado por fotos históricas, calçada da fama, maquetes, ficha dos jogos mais importantes, biografia de jogadores, além de objetos antigos que eram utilizados no estádio, como macas, catracas, recipientes para a venda de chá mate, muito comum no passado, além de fotografias e recordes de jornais.
 

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