(Bildagentur Zolles KG)
Quando tinha 13 ou 14 anos, o estudante Marcelo Davi de Melo pegou, por conta própria, um antigo aparelho de fax da família e enviou mensagens para empresas de Belo Horizonte que sequer conhecia. O objetivo era levantar patrocínio para a carreira de tenista, que começava a render os primeiros títulos.
Quase vinte anos depois, este mineiro, agora aos 32 de idade, é oficializado como o número 1 do mundo em duplas nesta segunda-feira, quando a Associação de Tenistas Profissionais (ATP) divulga a atualização do ranking.
“É uma sensação até difícil de descrever. É como se você estivesse viajando nas estrelas. É um sonho realizado. É também o reconhecimento por tanta dedicação, horas de treinamentos longe da família e dos amigos. Já comemoramos muito à distância”, conta Paulo Hernane, 72 anos, pai do tenista.
Os dois ainda não se encontraram depois da conquista histórica, confirmada pela pontuação há dez dias. Após o encerramento do ATP 500 de Viena, no qual venceu, ao lado do polonês Lukasz Kubot, a dupla formada pelo holandês Jean-Julien Rojer e pelo romeno Horia Tecau, por 2 sets a 0, nas quartas de final, Melo tirou uns dias de descanso em Paris.
Isolou-se de tudo, inclusive das entrevistas. Só deve voltar a conversar com a imprensa a partir de amanhã, quando retorna às quadras para o Master de Paris. Previsão para vir a Belo Horizonte saborear o arroz com feijão e almôndegas ou estrogonofe, preparados pela mãe Roxane, o Girafa, como também é conhecido, não tem. Mas a família Melo embarca na próxima semana para Londres, onde irá acompanhar o filho na disputa do ATP Finals, a partir do dia 15.
Para o pai e grande incentivador de Marcelo Melo, a guinada na carreira aconteceu quando ele resolveu trocar as competições individuais e passou a disputar os torneios de dupla. “O Marcelo nunca foi grande expoente em simples. Ele é muito alto (2,03 metros), e isso tira um pouco a velocidade de fundo de quadra e impulso. Na dupla ele fecha bem a rede, e saca e voleia muito bem”, explica.
Técnico e irmão
Melo, que por muitos anos teve o também mineiro Bruno Soares como parceiro, praticamente foi criado na quadra. “Enquanto eu e a minha esposa jogávamos, ele ficava andando de velotrol na quadra”, relembra Paulo.
Os irmãos mais velhos, Ernane e Daniel, conquistaram vários torneios juvenis, enquanto o tenista ainda dividia os momentos de folga com o futebol com os amigos. Seis anos mais velho, Daniel Melo, que chegou a ser o 79º colocado em duplas, acabou se tornando o técnico do campeão.