(Mourão Panda / América)
Promovido há exato um ano para o cargo de diretor executivo do América, Paulo Bracks, além dos bons resultados, acumulou também cabelos brancos a mais, como ele mesmo brinca. Acionado pela diretoria num momento conturbado do Coelho, o dirigente chega nestes 12 meses vendo a equipe ostentar 62% de aproveitamento.
Contratado em 2018 para coordenar as categorias de base do alviverde, Bracks foi a solução encontrada pelo presidente Marcus Salum para ocupar a cadeira deixada meses antes por Ricardo Drubscky. Até o presente momento, sob sua gestão, foram 46 jogos, com 24 vitórias, 14 empates e 8 derrotas.
"O time havia sido eliminado da Copa do Brasil e havia somado apenas um ponto em seis jogos na Série B do Campeonato Brasileiro. "Eu acompanhava tudo atuando nas categorias de base. Com todo respeito, me parecia um elenco perdido e dividido. Assim como a comissão técnica. Não havia ali um grupo fechado com objetivos comuns", relata Paulo, de 39 anos, ao Hoje em Dia.
"Pude justificar esta aposta, com muito planejamento, objetivos traçados e transparência com aquilo que o clube tem de melhor, que é o capital humano, o talento de atletas e funcionários. Alguns profissionais, que tinham muito a mostrar, não estavam sendo mais exigidos. Mostrei no STJD e também na FMF - locais que havia trabalhado anteriormente - a minha linha de brigar quando preciso, sem receio do confronto. Não tenho medo da crise, do caos e de encarar desafios grandes. Não me sinto menor em situações assim e não me escondo. Me vejo um cara com muita gana e obstinado a subir degraus", acrescenta.
Além disso, Bracks conta que, naquele momento, toda a diretoria se tornou uma espécie de "para-raios" dos problemas que assolavam o clube, dentro e fora de campo.Salum, inclusive, chegou a justificar a escolha elogiando o trabalho que estava sendo realizado nas categorias inferiores e afirmou que o novo diretor da equipe principal não seria uma "andorinha solitária" na função.Mourão Panda /América
Missão de reerguer o América
"A missão era corrigir a rota com as poucas ferramentas que a gente tinha ali. Na viagem para Pelotas, em menos de 24 horas de assumir o cargo, me assustei com o vestiário pré e pós jogo. Vi ali uma terra um pouco arrasada. Via também dificuldades para mudar aquilo, mas não me senti incapaz. Por conhecer bem o clube e também alguns jogadores, fui conseguindo trabalhar e entender o que estava acontecendo", destaca o diretor.
"A pancada contra o Figueirense veio - derrota por 4 a 0 em pleno Independência -, mas foi boa. Doeu na hora, mas nos deu um impulso para melhorar. Não era hora de contratar ou dispensar jogador, e nem pressionar os atletas, mais do que já estavam. Era momento de mudar o comando técnico. Para muitos, era uma aposta arriscada, não para mim", relembra.
Na ocasião, Bracks promoveu a saída de Maurício Barbieri, que não havia sido contratado por ele, e promoveu Felipe Conceição, ex-coordenador técnico. "Ele tinha conhecimento incrível daquele elenco e acreditava muito naqueles jogadores. Aprendi demais com ele", comenta.
Conta positiva, apesar do não acesso
Apesar de não ter conseguido o acesso para a elite do futebol nacional - o América foi derrotado pelo São Bento, no Horto, e perdeu a chance na última rodada -, Paulo Bracks se sente vitorioso por ter mudado o cenário no Lanna Drummond.
"É bom olhar para trás e ver o quanto o trabalho foi bem feito por todos. Sair da lanterna e chegar com 70% de aproveitamento numa Série B dificílima, chegando no último jogo brigando pelo acesso, foi um troféu", afirma.Mourão Panda/América
Pensamento em 2020
Passada a dor daquela derrota para o clube paulista, o América pôde enfim pensar na noa temporada que se aproximava. Critério e bastante responsabilidade, agindo no mercado de forma pontual, foi a estratégia adotada.
Com a saída de Conceição para o Red Bull Bragantino, após oferta "irrecusável", a diretoria elegeu Liscas como o novo comandante.
"Não sou um contratador de jogador. Passamos cinco meses sem contratar, para que todos tivessem paciência para trabalhar, levando os atletas ao máximo do limite que podem render. É importante dar segurança, suavidade e tranquilidade ao grupo. Claro que nunca fiz nada sozinho", comenta Bracks.
"Não há energia ruim, vaidade ou sacanagem no nosso grupo de trabalho. Hoje, o América oferece muita estabilidade para se trabalhar", finaliza.
Seguindo a tradição "reveladora" do clube, foram promovidos mais atletas da base do que contratados de outros clubes até o presente momento.