O técnico do Pinheiros/Sky, Claudio Mortari, saiu em defesa dos jogadores, principalmente os que atuam na NBA, que pediram dispensa recentemente, abrindo mão de disputar a Copa América e que foram bastante criticados por Rubén Magnano. Para o treinador, não é uma situação tão simples. Muitas vezes, segundo ele, o jogador sofre pressão para não se apresentar à seleção.
"Continuamos encarando esses atletas que atingiram esse status como aquele que jogava aqui, quando morava debaixo da arquibancada e tomava tubaína. Não acordamos para uma realidade em que o cara ganha US$ 30, 20 milhões por ano", afirmou.
Treinador da seleção nos Jogos Olímpicos de Moscou, em 1980, Mortari defende um entendimento entre Confederação Brasileira de Basquete, jogadores e suas respectivas equipes. Para ele, Magnano apenas causa um constrangimento desnecessário ao convocar jogadores como Nenê, Anderson Varejão, Tiago Splitter para torneios menores.
"O que precisa ser feito com esses jogadores é traçar rotinas, quais competições eles poderão vir. Não podemos viver a cada convocação uma situação de o cara vem, o cara não vem, é, não é... Fica uma coisa complicada."
"Hoje se convoca já sabendo que o jogador não vem. Todo mundo que você conversa, diz isso. Então, se todo mundo sabe, a CBB também sabe. Falta entendimento, porque você convoca e, se ele não vier, fica [mal] perante todo mundo, vão dizer que os caras são mascarados, etc. Isso coloca o atleta em uma situação constrangedora. Tenho certeza que ele recebe uma pressão absurda da equipe em que ele joga", continuou.
A situação, segundo Mortari, pode ser resolvida facilmente. "É definir com os jogadores para quais competições eles podem vir. O Nenê vem para a Olimpíada. Ponto! Ou vem para o Pré-Olímpico. Ponto! Aí vai para os Estados Unidos, senta com os dirigentes das equipes que eles têm contrato e define o período que será necessário contar com os caras", discursou o treinador do Pinheiros.
"A coisa ficaria mais suave para quem está ou poderá estar na seleção. Não fica aquela situação de o Nenê tomou o avião, então eu serei cortado. Não tomou, eu fico."
Questionado sobre o fato de Magnano usar como exemplo Luis Scola, que também atua na NBA e vai disputar a Copa América pela Argentina, Mortari considera o pivô, que trocou recentemente o Phoenix Suns pelo Indiana Pacers, uma exceção.
"É uma questão pessoal. Só vem o Scola. O Ginobili não veio. São exceções, maneiras diferentes de encarar as coisas... Cada caso é um caso. Mas o Scola foi o único que veio para jogar o Pré-Mundial pela Argentina", finalizou.
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