MPF encaminha à Justiça nova denúncia contra ex-dirigentes da CBDA

Agência Brasil
06/06/2018 às 17:30.
Atualizado em 03/11/2021 às 03:27

O Ministério Público Federal em São Paulo encaminhou à Justiça uma nova denúncia contra o ex-presidente da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) Coaracy Nunes, três ex-diretores da entidade e dois empresários por desvios de recursos públicos e fraudes em licitações para compra de passagens e hospedagens envolvendo uma empresa de turismo. Eles foram denunciados por organização criminosa, peculato-desvio e fraude a licitações.

Os crimes, de acordo com o MPF, teriam sido praticados entre 2012 e 2014 e envolveram o favorecimento de uma agência de turismo no Rio de Janeiro e o superfaturamento em passagens, hospedagens e traslados para torneios e treinamentos que visavam a preparação para os Jogos Olímpicos de 2016. Segundo o Ministério Público, a quebra de sigilo bancários dos investigados revelou que, nos últimos cinco anos, a agência de turismo recebeu mais de R$ 23 milhões da CBDA.

As irregularidades foram identificadas em dois convênios com o Ministério do Esporte. No primeiro deles, de acordo com o MPF, a confederação recebeu R$ 1,94 milhão do Ministério do Esporte para a qualificação e reciclagem de atletas, técnicos, coordenadores e árbitros de saltos ornamentais, nado sincronizado e maratonas aquáticas. Quatro licitações fraudulentas teriam sido identificadas nesse convênio, no qual a empresa de turismo apresentava orçamentos de empresas de fachada, sempre mais caros, para dar aparência de regularidade ao processo de licitação. Uma fiscalização observou ainda que não havia sequer a comprovação de que os eventos ocorreram.

Um segundo convênio, também envolvendo a mesma empresa de turismo e firmado em 2011, visava a preparação das seleções de polo aquático para os Jogos Olímpicos. Para isso, a CBDA recebeu R$ 1,15 milhão do Ministério do Esporte, do qual quase 95% do total foi repassado para essa empresa de turismo. O MPF apurou que o custo de traslado entre o hotel e o centro de treinamento em São Paulo, que daria cerca de R$ 350 por dia com empresas especializadas, foi contratado com essa empresa de turismo do Rio de Janeiro por R$ 1,8 mil.

O caso é parte da Operação Águas Claras, que foi deflagrada em 2015 e apura irregularidades na confederação. Segundo o órgão, além das investigações em curso no MPF, já tramitam na Justiça Federal uma ação penal e duas ações de improbidade administrativa contra os ex-dirigentes.

A Agência Brasil tentou contato com a agência de turismo e a CBDA, mas não obteve sucesso até a publicação da matéria.

O advogado de Coaracy Nunes e dos três dirigentes da CBDA, Mauro Tse, disse que essa nova denúncia do Ministério Público é “mais uma maluquice” e reclamou que a imprensa dá muito espaço para o MPF e ridiculariza a defesa. Para ele, a acusação contra seus clientes é “leviana, inconsequente, irresponsável e fruto da cabeça de uma procuradora da República”.

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