(Pedro Souza/Atlético)
O sucesso da trasmissão do evento de lançamento da linha 2020 Lec Coq/Atlético trouxe também uma protoganista na passarela. Mulher, negra e tendo um dos trechos do hino do alvinegro como mantra - 'lutar, lutar, lutar -, Hadassa Baptista, de 23 anos, foi sucesso absoluto nas redes pela simpatia e desenvoltura durante o desfile.
Apaixonada pela dança desde sempre, a jovem, nascida em Belo Horizonte e criada no Bairro Aparecida (Região Noroeste), ganhou milhares de seguidores no Twitter e também no Instagram, e ainda não consegue dimensionar tudo isso.
"Comecei a dançar desde a barriga da minha mãe. Entrei na escola (de dança) aos 15 anos e me profissionalizei como bailarina. Entendi que queria ser professora. Consegui pagar o dinheiro da minha passagem com as aulas. Eu e minha sobrinha sempre fomos bolsistas lá", conta 'Dassa' ao Hoje em dia.
"Minha vida sempre foi uma luta. Minha família tem 10 mulheres. Toda minha força vem delas e eu faço tudo por elas", acrescenta.
Barreira física
Quem vê a modelo esbanjando talento na passarela e nos clicks de ensaios, não imagina que ela só conta com a visão total de um dos olhos.
"Perdi minha visão no olho direito há dois anos. Fiz um tratamento e um transplante de córnea que deu rejeição. Na passarela da Cidade do Galo foi um custo para mim, mas ninguém sabe - ela chegou a se apresentar no início da noite. Desde então, vivo com isso. Doeu muito a cirurgia. Não voltarei para o médico novamente por isso e também para não ficar de molho por mais de três meses.
Hadassa foi diagnosticada com Ceratocone - é uma enfermidade não inflamatória que afeta a estrutura da córnea, camada fina e transparente que recobre toda a frente do globo ocular - e, atualmente, tem auxílio de óculos para, ao menos, enxergar vultos com o olho afetado pela doença.
"O produtor (do evento) me procurou. A esposa viu dois trabalhos meus. Me sinto muito orgulhosa porque era a única modelo que não era de agência em BH", vibra.
"Não imaginava a repercussão com a torcida. O 'trem' estourou e estou tentando entender. Já estou sendo reconhecida na rua. Não imaginava mesmo tudo isso. Quero trabalhar para melhorar as condições da minha família e não tenho dimensão de certas coisas, como esta", finaliza. Hadassa, atualmente, reside em São Paulo.Pedro Souza/Atlético / N/A