O técnico do São Paulo, Muricy Ramalho, lamentou a invasão de torcedores do Corinthians ao centro de treinamento do clube e acha que alguma coisa precisa ser feita, não só no futebol, mas também no País como um todo. "Eu sei que dá desespero mesmo, o que aconteceu lá deve ter sido horrível pelo que estão falando. A gente só sente mesmo quando estamos na mesma situação", diz.
No sábado, mais de 100 torcedores foram ao treino do Corinthians e entraram na parte reservada pulando o muro e cortando grades. Os jogadores ficaram acuados e, segundo relatos, teve até agressão. Muricy não sabe se o episódio terá desdobramentos, como uma greve dos jogadores no meio de semana, mas entende que a situação está perto do limite.
"As pessoas deveriam cobrar um pouco mais das autoridades. Alguma coisa tem de ser feita, não só no futebol. A gente está meio largado, não tem a quem recorrer. É carro blindado, daqui a pouco carro de guerra. Não sei se vai parar quarta-feira, mas alguma coisa precisa ser feita", continua.
O treinador comentou que está até evitando sair de casa e teme pelos seus três filhos. "São Paulo está um terror. Estamos no país da impunidade e da corrupção. Parece um lugar sem lei", diz. O comandante tricolor espera que algo seja feito, mas nem sabe por onde começar. "O que percebo é que não tem nenhum movimento para mudar isso. A violência faz parte da sociedade e parece que está tudo certo."
Já o capitão Rogério Ceni, que participa ativamente do movimento Bom Senso FC, ainda não sabe se algo será feito. "O que aconteceu é muito recente, eu nem ouvi direito o que aconteceu. Também não conversei com ninguém do Corinthians, mas se o time tivesse parado nesta rodada do campeonato, seria compreensível", conclui.
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