O técnico Luiz Felipe Scolari fez um severo alerta aos jogadores: chegou o momento de dar prioridade à seleção brasileira e não ao salário em clubes, se quiserem estar na Copa do Mundo de 2014. "Ninguém assegurou posição", avisou. "Não se sabe o que vai acontecer com os jogadores que são titulares". A seleção enfrenta nesta quarta-feira a Suíça, às 15h45 (de Brasília), na Basileia, em seu primeiro jogo após bater a Espanha na final da Copa das Confederações.
Mas Felipão abandonou o tom de euforia. Com apenas oito amistosos até o Mundial, o treinador advertiu que jogadores que ficarem no banco em clubes precisam repensar suas prioridades. Se a conquista contra a Espanha deu tranquilidade ao grupo, foram dois recados duros dados pela comissão técnica aos atletas, nesta terça, em uma reunião no hotel.
O primeiro é de que, nos próximos meses, os atletas precisam estar em times que possam entrar em campo. O outro é de que a Copa das Confederações é um "passado", o título não significa nada e que, a partir de agora, não existe amistoso para quem quiser garantir um lugar na Copa. A meta é simples: evitar os erros e tentações do passado. Em 2005 e 2009, o Brasil venceu a Copa das Confederações. Mas, nos anos seguintes, deu vexame nos Mundiais e chegou com atletas fora de forma.
"Com pouco tempo pela frente e poucos jogos, parte do processo será o de observar os nossos jogadores em seus clubes", disse Felipão. "Mas se eles não jogam, não há como observar. Não dá para observar do banco. Quem não jogar terá dificuldades", declarou.
Dois casos preocupam Felipão em especial: o de seu goleiro titular, Julio Cesar, e de seu volante titular, Luiz Gustavo. Ambos estão sendo preteridos em seus clubes e negociam sair para outros clubes em que possam jogar. O treinador deixou claro que eles precisam optar por clubes que os deem espaço, mesmo que isso represente uma redução de salário.
"Pode ser segunda, terceira ou décima divisão", disse Scolari. "Para mim não faz diferença. O importante agora é jogar", insistiu. "Os jogadores vão ter de pensar na seleção e não só na parte monetária e no clube", declarou. O treinador lembrou da situação de Dida em 2001, quando era reserva do Milan. Uma conversa foi realizada com a direção do clube italiano, que aceitou o liberar para o Corinthians.
Julio Cesar está no banco do Queen´s Park Rangers e, nesta semana, a Fiorentina indicou que não teria como pagar o salário que o goleiro pede. "A situação preocupa e ele sabe que preocupa", disse o treinador. O Benfica também tinha declinado por questões financeiras.
Sobre Luiz Gustavo, Felipão também deu seu recado. "É um problema a mais. Ele terá de definir sua vida", disse. Guardiola já indicou que o brasileiro não deve ser titular no Bayern de Munique.
Outro alerta dado aos jogadores se refere ao clima de euforia em relação à conquista da Copa das Confederações. "Acabou, encerrou. Muito bem, jogaram bem. Mas acabou a Copa das Confederações e temos de lembrar aos jogadores que essa situação de ser campeão já vivemos em 2005 e 2009", disse.
Felipão, na conversa com os jogadores, deu um duro recado de que, apesar de o Brasil apenas enfrentar amistosos, para ele o que está em jogo é a posição de cada jogador. "Vamos fazer amistosos de três pontos. Vamos fazer o jogo valer alguma coisa", disse. "Temos de mostrar à imprensa internacional que aquilo contra a Espanha não foi por acaso e que temos um grupo. Alguns jogadores já mostraram muito e tem crédito, mas esse crédito pode acabar", alertou.
Para o jogo desta quarta, Felipão admite que a condição técnica e física do time não será a mesma da final contra a Espanha. "Esse é o primeiro jogo e muitos acabam de terminar a pré-temporada. Terão dificuldades para acompanhar o ritmo da Suíça", admitiu.
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