Como está a vida na França após os atentados?
É lógico que está todo mundo com medo, mas tentando dar continuidade à vida. Mudaram alguns hábitos, claro. Deixaram de fazer algumas coisas, mas todos estão tentando continuar. No Lyon está tudo do mesmo jeito. Eu também cheguei com um pouco de medo no início. Mas era uma boa oportunidade e não pensei muito nos atentados. Deus vai nos guardar.
Antes você trabalhou com Alexandre Gallo na Arábia Saudita. Como foi a experiência no Mundo Árabe?
Muito boa. Fiquei dois meses e deu para conhecer um pouco da cultura deles. É tudo completamente diferente do que eu já tinha vivido, mas me trataram muito bem e não tive nenhum problema. Deu tudo certo, apesar de ter vivido algumas situações curiosas. Depois dos jogos a gente parava em algum lugar para jantar e eles se sentam em grupos no chão e comem com as mãos. Mas para nós, brasileiros, eles arrumavam alguns talheres.
O zagueiro Jemerson tem uma trajetória bem semelhante a sua e acaba de fechar com o futebol francês. Fez um bom negócio?
É um grande jogador, muito técnico, com visão de jogo muito à frente dos outros. Mostrou o talento que tem aí no Atlético. Sem dúvida, um dos melhores que estavam no Brasil. Vem com méritos para o Mônaco e a gente espera que ele consiga repetir aqui, na França, o futebol que apresentou aí. Além de ganhar mais na parte financeira, o Jemerson vai crescer muito como homem e como pessoa; você aprende a respeitar o companheiro, o treinador. Aqui não tem titular absoluto. Ele tem que vir preparado porque não é campeonato fácil. Zagueiro aqui se não vier com pensamento de vencer bate e volta. Os atacantes de área são muito fortes. Mas com toda a qualidade do Jemerson, acho que ele vai sair muito bem.
Você ficou pouco mais de um ano no comando da Seleção Brasileira Sub-15. Entendeu sua saída?
Eu gostaria de ter continuado. Fui pego de surpresa, assim como os outros que saíram também. Mas essa é uma coisa que o Brasil precisa melhorar muito. Se a pessoa está lá e os resultados estão aparecendo não é necessário trocar todo mundo, mas foi o que aconteceu. Eles acharam que o Alexandre Gallo estava com muita coisa pois era coordenador e treinador da Sub-20, além de coordenar todas as outras categorias. Aí o tiraram da coordenação e o novo coordenador, junto com o Gilmar, resolveu tirar todo mundo. Eu fiquei muito triste porque estava trabalhando já para o Sul-Americano. Eu tentei até saber o motivo, mas não me falaram e eu deixei para lá. Acho que fiz a escolha certa. São águas passadas e estou muito feliz aqui no Lyon.
Como você avalia o trabalho do Dunga e do Gilmar Rinaldi à frente da Seleção?
A primeira passagem do Dunga na Seleção foi muito boa. A gente precisa olhar os resultados. Eu acho que ele deveria ter continuado, mesmo sem vencer a Copa do Mundo. Ele não ganhou, mas foi muito bem. No entanto, a volta dele ninguém esperava. Foi uma surpresa, mas acredito que está fazendo um bom trabalho. Não tenho nada contra ele nem contra o Gilmar, até porque os conheço muito pouco.