Obra-prima: há exatos 40 anos, Éder marcava golaço olímpico no Maracanã; veja o vídeo

Alexandre Simões
@oalexsimoes
13/05/2020 às 18:36.
Atualizado em 27/10/2021 às 03:29

Fazer obras de arte com a camisa alvinegra foi uma das especialidades de Éder Aleixo, o Bomba de Vespasiano, um dos maiores ídolos da história do clube e 13º maior goleador alvinegro, com 123 gols. Um deles, inesquecível, completa exatamente 40 anos nesta quinta-feira.

Atlético e Fluminense jogavam no Maracanã pelo Campeonato Brasileiro de 1980. E logo aos 4 minutos, cobrando um escanteio pela direita, Éder acertou o ângulo oposto do goleiro Paulo Goulart, na época ídolo tricolor pelas várias defesas de pênaltis, mas que não conseguiu barrar a genialidade de Éder.Arquivo Hoje em Dia

Èder chegou ao Atlético em 1980 e desde então iniciou uma história de amor com a torcida, que tem ele como um dos grandes ídolos nos mais de 100 anos do clube

“Nossa, já faz 40 anos. Fiquei velho rápido. Lembro desse lance naquele Atlético x Fluminense, um clássico. Me recordo que o narrador nem sabia que tinha sido gol. As pessoas ficaram surpresas. Foi realmente um momento especial. Mas eu treinava muito isso na época. Na Copa de 1982 mesmo, batia sempre para o gol, mas não tive a sorte de marcar”, recorda Éder.

Naquele 14 de maio de 1980, o ponta esquerda vivia o início da sua história no Atlético. Foi seu décimo gol pelo clube no 20º jogo. Sua estreia tinha acontecido pouco mais de três meses antes, num amistoso contra o São Paulo, em que ele já deixou a sua marca. Fez de falta o gol alvinegro num empate por 1 a 1 no Mineirão, diante de 44.418 pagantes.

Parece muita gente para uma partida que não era válida por uma competição? Dez dias depois, em 13 de fevereiro, ele fez seu segundo jogo no Gigante da Pampulha com a camisa 11 alvinegra enfrentando o Flamengo, também num amistoso.
Era o primeiro confronto entre os dois clubes após um 5 a 1 aplicado pelo rubro-negro, no Maracanã, em 6 de abril de 1979, em partida que arrecadou dinheiro para as vítimas das enchentes daquele ano no Sudeste. E naquele 13 de fevereiro de 1980, com Éder como maior atração alvinegra, o Mineirão recebeu o maior público pagante da sua história em jogo de uma torcida apenas de Belo Horizonte. Foram 115.142 pessoas pagando ingresso, em partida que teve a renda doada para a construção do Memorial JK, em Brasília.

Casamento

A ligação entre Éder e o Atlético é coisa de berço. “Com todo respeito ao América, que me deu a oportunidade de iniciar a minha história, mas desde que nasci já era atleticano. Era gandula no Independência vestindo a camisa do Atlético. Na minha cama tinha um escudo do Atlético. No caderno de escola, também”, revela o Bomba.

E essa relação tem um padrinho, Procópio Cardoso, treinador alvinegro em 1980 e maior responsável por sua vinda para o Galo. “Vi uma notícia no jornal que o Telê tinha brigado com o Éder no Grêmio. Eu tinha trazido o Chicão para escalar o Cerezo como meia e a gente tinha o Paulo Isidoro. Falei com o Guzella (Marcelo, diretor de futebol de Elias Kalil) para tentar a troca do Paulo Isidoro pelo Éder. Era Carnaval. Paulo Isidoro era um grande jogador, a torcida adorava ele, mas eu queria colocar o Cerezo na meia, pois tinha trazido o Chicão e ainda tinha o Heleno”.

A sugestão de Procópio mudou a história do Atlético e de Éder, numa parceria que já dura quatro décadas. “Desde o começo sabia que estava chegando em casa, pois era para jogar no clube do coração. Até hoje, o Atlético me ajuda, no que posso eu ajudo. É uma parceira sensacional”, afirma Éder.

E o aniversário de 40 anos do seu golaço, o segundo olímpico dele pelo Galo, pois tinha feito um dez dias antes, contra o Atlético-GO, no Mineirão, também pelo Brasileirão, mas sem a mesma plasticidade do marcado no Maracanã, fez o craque garantir: “Isso marca, tanto que 40 anos depois a gente está falando dele. É um lance muito difícil de acontecer”.

Apesar de ter sido especial, Éder garante que a comemoração e a emoção foram sempre as mesmas nas 123 vezes em que balançou a rede com a camisa atleticana. “Não sei nem o que posso falar da emoção de cada gol marcado pelo Atlético. Fui vaiado, mas era menino rebelde e entendo tudo isso. Mas a torcida atleticana me adora. Cresceu demais a identidade. E tudo o que faço com o Atlético, faço com amor”.

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