Obras de infraestrutura derrubam cronograma de ações preparatórias para a Copa

Bruno Moreno - Hoje em Dia
23/02/2014 às 07:39.
Atualizado em 20/11/2021 às 16:13
 (Flávio Tavares)

(Flávio Tavares)

Faltam 109 dias para o início da Copa do Mundo de 2014, mas o Brasil concluiu e pagou pouco mais da metade do que está previsto para a preparação do torneio. Até a última sexta-feira (21), o Portal da Transparência da Controladoria-Geral da União (CGU) registrava que R$ 14,5 bilhões foram gastos (considerando os pagamentos ainda não contabilizados em estádios) e a previsão atual é de R$ 25,7 bilhões em investimentos. Nesse valor estão incluídas obras de mobilidade urbana, aeroportos, portos, estádios, segurança, desenvolvimento turístico, telecomunicações e outras ações, como o programa de voluntariado.   A CGU faz a divisão entre investimentos previstos, contratados e executados. No ranking das cidades-sede, quem tem o melhor percentual em contratação é Brasília (123%), ou seja, as obras já ficaram 23% mais caras do que estava previsto inicialmente: R$ 2,1 bilhões.   Atualmente, os valores contratados na capital federal chegam a R$ 2,6 bilhões. O principal motivo para o aumento nos custos é o Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek. Inicialmente, se previa obras no valor de R$ 651 milhões no terminal, mas o investimento contratado chegou a R$ 1,1 bilhão, enquanto o executado é de apenas R$ 341 milhões.   Mas, se a avaliação for feita por serviços executados, ou seja, prontos e quitados, Brasília aparece em segundo lugar, com 73%, atrás apenas de São Paulo, que tem 79%.   Belo Horizonte   Ainda no quesito contratações, Belo Horizonte aparece em sexto lugar, com 86% das intervenções. Entretanto, ter menos que 100% não quer dizer que as obras na capital mineira não fiquem mais caras do que a projeção inicial. Significa, apenas, que nem todas as ações previstas para a cidade foram contratadas.   Na capital mineira, assim como em Brasília, o diferencial ocorre em função do aeroporto. Confins tem previsão de R$ 508 milhões em investimentos, mas foram contratados R$ 232 milhões e efetivamente pagos e concluídos R$ 96 milhões. A Infraero, responsável pelas obras em Confins, reconhece que só deverá terminar as intervenções no segundo semestre deste ano.   Entre as ações executadas, Belo Horizonte tem 53%, ou seja, ainda falta quase a metade dos investimentos para finalizar e quitar. Ao analisar esse cenário, é possível verificar que as intervenções no Aeroporto de Confins e as obras de mobilidade são as principais responsáveis por esse índice em BH.   A assessoria de imprensa da CGU informou que as atualizações são feitas diariamente por todos os responsáveis (prefeituras e estados que receberão o Mundial), assim como bancos de financiamento, em especial a Caixa e o BNDES. Em relação aos aeroportos, a Infraero, responsável pelos dois aeroportos citados, informou que os dados do Portal da Transparência da CGU estão atualizados.   Confins apresenta o pior cenário das obras da Copa em Minas   O secretário de Estado de Turismo e Esportes, Tiago Lacerda, responsável pela preparação da Copa do Mundo em Minas Gerais, teme que o atraso nas obras do Aeroporto de Confins atrapalhem o desempenho do Estado no Mundial. “A situação de Confins é muito preocupante. Dentre as obras extremamente fundamentais para a operação direta do evento, está é a única nesta situação, a 100 dias da Copa. O prejuízo é enorme para nós mineiros. Temos acompanhado os cronogramas e esperamos um esforço ainda maior dos responsáveis (Infraero) pela obra nessa reta final”, afirmou.   O Ministério do Esporte, responsável por organizar e divulgar todo o investimento planejado para a Copa do Mundo de 2014, afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, que confia na conclusão das obras antes do Mundial.   Apesar de o Portal da Transparência da CGU ser a responsável por divulgar os gastos com o Mundial, o Ministério do Esporte usa outra base de dados, que são os balanços produzidos por seus funcionários. Entretanto, nesses balanços não há o mesmo nível de detalhamento.   Na última semana, o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, se mostrou otimista, mas reconheceu que nem tudo estará pronto. Já o Comitê Organizador Local (COL) e a Fifa informaram que não cometam ações que são de responsabilidade de outros entes.   Tensão antes do pontapé inicial   A preparação para a Copa do Mundo de 2014 já teve vários momentos de tensão, mas a última semana ficará marcada. As obras do aeroporto de Fortaleza estão ameaçadas de não ficarem prontas, a Arena da Baixada, em Curitiba, recebeu mais um voto de confiança da Fifa e estará no torneio, e o conflito sobre quem pagará as instalações provisórias em Porto Alegre foi solucionado.   No Paraná, técnicos da Fifa visitaram a Arena da Baixada, na terça-feira, e decidiram mantê-la no Mundial, com a promessa de que será inaugurada em meados de maio, ou seja, um mês antes da Copa.   Acordo   Na capital gaúcha, a disputa estava entre o Internacional, dono do estádio Beira-Rio, e a organização da Copa. Na última quinta-feira, a Fifa anunciou um acordo financeiro para resolver o impasse dos gastos das estruturas temporárias.   O presidente do Inter, Giovanni Luigi, havia dito que o Beira-Rio corria risco de ficar fora da Copa, pois o clube não tinha condições de arcar com os R$ 30 milhões necessários. A solução será a utilização de dinheiro público e captação de recursos privados.   Já em Fortaleza, o ministro-chefe da Secretaria de Aviação Civil, Moreira Franco, confirmou que o aeroporto terá uma estrutura temporária para atender dois milhões de pessoas. “Vamos construir um MOP no padrão do que foi usado em Londres, nas Olimpíadas, na Copa da África do Sul e na Costa do Sauípe (para o sorteio da chaves dos jogos)”,  antecipou.   Acompanhando o ministro, o presidente da Infraero, Gustavo do Vale, confirmou que o aeroporto de Fortaleza é o que mais preocupa. O módulo provisório custará R$ 1,8 milhão. 

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