Palco maior do futebol brasileiro, Maracanã corre risco de ficar fora do Carioca

Estadão Conteúdo
29/01/2015 às 16:45.
Atualizado em 18/11/2021 às 05:50
 (Yasuyoshi Chiba)

(Yasuyoshi Chiba)

O Campeonato Carioca começa no próximo fim de semana e o Maracanã corre o risco de ficar fora da competição. Nesta quinta-feira (29), o secretário da Casa Civil do Estado do Rio, Leonardo Espíndola, anunciou que chamará os clubes e o consórcio que administra o estádio para uma reunião a fim de tentar solucionar o impasse gerado em torno do preço dos ingressos para as partidas da competição.

O presidente do Vasco, Eurico Miranda, foi um dos entusiastas dos preços mais acessíveis. Em reunião na segunda-feira, o dirigente cogitou negociar novos valores, mas não quer a intervenção da concessionária. "Não me recuso a debater e conversar com Flamengo e Fluminense, mas me recuso a debater com o consórcio. Nada muda enquanto o consórcio não vier a público esclarecer que entraram de forma indevida nessa discussão", disse Eurico, que assumiu a presidência do Vasco no fim do ano passado e se aliou à direção da Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (Ferj). O presidente da entidade, Rubens Lopes, é amigo antigo do dirigente.

A concessionária Consórcio Maracanã considera que terá prejuízo se forem cobrados os valores dos bilhetes definidos no Conselho Arbitral da Ferj e deu a entender que pode não sediar partidas da competição.

"A realidade é que não cabe num estádio de padrão internacional e com capacidade para 78 mil lugares jogos pequenos com baixíssimo potencial de atratividade de público como a grande maioria das partidas do atual Carioca", criticou o consórcio em nota publicada nesta quarta-feira.

Nesta quinta, Espíndola se mostrou favorável aos ingressos mais baratos e vai reunir as partes para tentar um acordo. "Acho que podemos ter um papel importante de chamar os clubes e o consórcio para solucionar isso para o nosso povo. O objetivo é que se tenha o Maracanã, nosso palco, no Carioca."

Outro motivo de insatisfação de Eurico Miranda é o acordo contratual entre o Fluminense e a concessionária que estabelece a posição da torcida tricolor sempre no lado direito das tribunas, local que antes da última reforma do Maracanã era ocupado tradicionalmente pelos vascaínos. "Isso está superado a partir do momento que não jogo no Maracanã. Se jogar, contra o Fluminense, jogo daquele lado."

ENTENDA O CASO

O Conselho Arbitral da Ferj estabeleceu teto de R$ 100 para ingressos nos clássicos disputados no Maracanã, mas também instituiu a "meia-entrada universal", o que na prática fará com que os bilhetes sejam comercializados no máximo por até R$ 50. O valor cai 20% para jogos envolvendo grandes e pequenos, e o preço não poderá ultrapassar R$ 40 no ingresso inteiro para jogos realizados às 22 horas. A medida não se aplica a camarotes e setores vips.

A tabela impacta diretamente Flamengo e Fluminense, que possuem contratos com o Consórcio Maracanã para exploração do estádio. Em função disso, a própria concessionária entrou na briga para derrubar a exigência, justamente num período em que tenta junto ao governo do Estado renegociar o acordo de concessão.

"A concessionária praticará o que está previsto em seus contratos com cada clube. No caso do Flamengo, os preços devem ser definidos em comum acordo entre as partes. No caso do Fluminense, cabe à concessionária a definição dos valores dos ingressos para os setores Leste e Oeste", informa uma nota do Consórcio Maracanã.

Na semana passada, a concessionária divulgou manifesto conjunto com Flamengo e Fluminense questionando as exigências estipuladas no Conselho Arbitral. A nota citava que as imposições violam contratos estabelecidos e o Regulamento Geral de Competições da CBF, além de ter pontos inconstitucionais. No fim de semana a Ferj rebateu o texto ao defender que o consórcio "carece de legitimidade" para questionar assuntos envolvendo o campeonato.

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