Palmeiras aposta na força dos garotos formados na base

Cinco garotos do Palmeiras já têm a certeza de que o próximo domingo será inesquecível. Resta saber se para o bem ou para o mal. O clube apostou em atletas das categorias de base para evitar a queda à Série B, expondo os jovens jogadores ao possível fracasso que pode significar um rebaixamento no início da carreira. Por isso, o sofrimento e a ansiedade deles para o jogo decisivo contra o Atlético-PR são como o de um torcedor comum.

O time enfrenta o Atlético-PR, domingo (7), no Allianz Parque, no confronto chamado pelo elenco de "o jogo do ano". Formados na base palmeirense, Gabriel Dias, João Pedro, Nathan, Victor Luís e Renato têm no máximo 22 anos e a imensa responsabilidade de evitar o vexame da queda em pleno ano do centenário. Para a salvação, o Palmeiras precisa de uma vitória simples.

"Nós que somos da base não escolhemos o momento em que vamos jogar. Se estamos nessa batalha, é porque temos condições de suportar", disse o lateral-esquerdo Victor Luís, de 21 anos. Ele é o bom exemplo do aproveitamento de quem veio da base, ao ser o único do elenco a ter atuado nos 19 jogos da gestão do técnico Dorival Júnior. E pode ajudar a acabar com a tradição de que o clube tem dificuldade em revelar talentos que não sejam goleiros.

Os garotos sentem mais quando o time está em baixa, por terem uma ligação mais intensa e duradoura com o clube. "Nossa vida é o Palmeiras. Desde criança a gente vive aqui e tudo que acontece, para o bem ou para o mal, a gente sente mais, porque o clube é parte da nossa vida", explicou o volante Renato, de 22 anos.

É natural que os garotos, até pela idade, acabem sentindo mais o momento. O lateral-direito João Pedro, por exemplo, tem se mostrado ansioso e nervoso em determinados momentos durante os jogos. Ele completou 18 anos no dia 15 de novembro e tem sido titular absoluto do time na reta final da temporada.

Assim como os demais jovens colegas, Victor Luís presenciou como torcedor a luta frustrada contra a queda para a Série B em 2012 e se lembra do que se passou com os garotos do elenco palmeirense na ocasião após o rebaixamento. Na época, ele estava emprestado para o time B do Porto, de Portugal. "Quem é da base acaba sendo um pouco mais cobrado pelos torcedores até por eles nos conhecerem. A gente sente muito quando o time perde", contou o lateral-esquerdo.

Pelo menos entre os torcedores palmeirenses, a sensação é que, mesmo se o time for rebaixado, os garotos recém-saídos da base não ficarão em baixa. Mas os meninos sabem que uma queda no clube, onde começaram a carreira, ficará marcada para sempre.

O temor é que eles passem o que aconteceu com o zagueiro Wellington, o volante João Denoni e os atacantes Patrick Vieira e Vinícius, que foram usados durante a campanha no Brasileirão de 2012 e, após o rebaixamento, viram a ascensão dar lugar ao esquecimento no elenco. Wellington e Patrick Vieira são reservas, pouco aproveitados. João Denoni e Vinícius tiveram de sair do Palmeiras para jogar.

Prestigiados

Por enquanto, a diretoria não cogita negociar nenhum dos garotos que estão se destacando. Pelo contrário. Assim que começaram a aparecer, já renovaram contrato com o clube. Todos estão nos planos para o ano que vem, mesmo em caso de queda.

Dos jovens do atual elenco, o zagueiro Nathan (de 19 anos) e João Pedro merecem uma atenção especial, pois passaram de "mais um da base" a titulares do profissional. Os dois nem sequer treinavam com o time principal quando foram chamados para compor o banco de reservas e, em questão de dias, já estavam jogando com frequência, sem sair mais.

Os dois, inclusive, foram convocados pelo técnico Gallo para defender a seleção brasileira no Sul-Americano Sub-20, que será disputado em janeiro. Sinal de que, mesmo com a fraca campanha palmeirense no Brasileirão, já conseguiram mostrar seu valor.
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