Palmeiras faz revolução 'barata' para montar o elenco de 2015

Estadão Conteúdo
19/01/2015 às 08:30.
Atualizado em 18/11/2021 às 05:42
 (César Greco)

(César Greco)

O clube que mais tem agitado o mercado brasileiro neste início de ano é o Palmeiras. Já foram 15 contratações e mais gente deve chegar. Isso desperta a curiosidade até mesmo dos rivais, todos querendo saber de onde saiu tanto dinheiro para bancar a tentativa de mudar o elenco da água para o vinho. A explicação é simples: novos recursos e esperteza na hora de contratar.

Na verdade, o presidente Paulo Nobre não gastou tanto assim para montar o novo Palmeiras. No ano passado, o clube incorporou vários jogadores por empréstimo ou sem contrato, tendo pago pela contratação de cinco atletas, que custaram R$ 37,2 milhões: Mendieta (R$ 4,2 milhões), Leandro (R$ 8 milhões), Allione (R$ 6 milhões), Mouche (R$ 11 milhões) e Cristaldo (R$ 8 milhões).

No caso dos 15 reforços de 2015, a maioria chegou por empréstimo com valor baixo (menos de R$ 1 milhão) ou de graça - caso dos que estavam sem contrato. O clube só teve de "abrir os cofres" para três jogadores, que custaram R$ 27 milhões no total: Leandro Pereira (R$ 5,5 milhões), Robinho (R$ 2,5 milhões) e Dudu (R$ 19 milhões). Chegaram sem contrato Lucas, Amaral e Zé Roberto. E por empréstimo de um ano, João Paulo, Jackson, Vitor Hugo, Victor Ramos, Andrei Girotto, Alan Patrick, Ryder, Kelvin e Rafael Marques. Completa a lista Gabriel, contratado por empréstimo de duas temporadas.

Para conseguir montar o elenco atual, Paulo Nobre penou. Ele assumiu o Palmeiras em janeiro de 2013 com apenas 25% das receitas daquele ano e 70% de 2014. Ou seja, em dois anos, tinha para gastar o equivalente a menos de uma temporada.

Nos dois primeiros anos de gestão, Paulo Nobre quitou algumas dívidas e alongou o pagamento de outras com acordos em que eram oferecidas garantias maiores ou aumento do número de parcelas a serem pagas. Além disso, o dirigente usou seu nome para conseguir empréstimo de cerca de R$ 165 milhões para ajudar a cobrir as despesas.

Paralelamente, o crescimento do Avanti, programa de sócio-torcedor do clube, foi outro fator importante na evolução financeira. Quando o presidente assumiu o Palmeiras, o clube tinha cerca de oito mil associados. Atualmente, o Avanti tem mais de 70 mil sócios. No ano passado, o programa rendeu aos cofres cerca de R$ 12 milhões e a expectativa é que esse valor dobre em 2015.

Credibilidade

O fato de o clube não atrasar os seus compromissos com os atletas também ajuda nas contratações, já que a pontualidade passa credibilidade aos jogadores e a seus empresários. A contratação de Alexandre Mattos para ser o diretor executivo do clube também atraiu a atenção do mercado. O dirigente é considerado atualmente um dos melhores do País, entre outros motivos, por ter ajudado a montar o Cruzeiro bicampeão brasileiro.

"Hoje, para negociar com o Palmeiras tudo é mais fácil e rápido. Antes precisava passar pela mão de três ou quatro pessoas do clube. Agora é papo de uma ou duas horas e a gente já está assinando contrato. Não sei se é mérito do Alexandre ou do Nobre, mas a mudança é radical", disse um empresário que recentemente levou um jogador para o clube alviverde.

A "mudança radical" mencionada pelo empresário é uma obra feita em parceria por Nobre e Mattos. Por um lado, o presidente dá muito mais liberdade ao atual diretor executivo do que dava a José Carlos Brunoro, que estava no cargo até o fim do ano passado. Por outro lado, o ex-cruzeirense realmente é conhecido nos bastidores do futebol pela praticidade e pela agilidade para negociar.

Quanto à folha salarial, houve pouca alteração em comparação com a temporada passada, já que apenas um atleta chegou ao clube com um salário elevado - Dudu, que vai receber em torno de R$ 300 mil mensais. Com o elenco praticamente fechado, resta aos palmeirenses torcer para que os 15 jogadores contratados neste ano consigam formar um time forte.
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