(Frederico Haikal)
Faltando pouco menos de um ano para o início da Olimpíada do Rio, Belo Horizonte ainda não está pronta para participar do maior evento esportivo do planeta. Isso porque as obras do Parque Aquático do Centro de Treinamentos Esportivos (CTE), da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), no bairro São Luiz, região da Pampulha, só ficarão prontas em dezembro. O cronograma, alterado em 2014, previa a conclusão até julho.
Apesar de ser uma das bases de treinamento das equipes olímpica e paralímpica da Grã-Bretanha na capital – as outras são do Minas Tênis e do Clube Mineiro de Caçadores (CMC), de Santa Luzia –, a demora de conclusão das obras não preocupa o diretor do CTE, Pablo Greco.
“Este atraso não é uma tragédia, mas uma questão normal em obras desse porte. É preferível atrasar um pouco e entregar tudo perfeito do que fazer de qualquer jeito e lá na frente ter que refazer. Além disso, não tínhamos urgência para entrega”, argumenta.
Atualmente com 80% do trabalho acabado, a obra enfrentou gargalos no período de transição dos governos de Antônio Anastasia para Fernando Pimentel, quando a intensidade das intervenções caiu. “Na troca de um para outro, houve uma fase de balanço financeiro, atrasando um repasse financeiro. Com isso, tivemos que nos reorganizar”, diz Pablo, respaldado pelo secretário de Estado de Esportes, Carlos Henrique.
“A verba é repassada via governo estadual. O atraso do último repasse, de R$ 6 milhões (aproximadamente 15% do custo total da obra) ocorreu devido à reestruturação orçamentária e financeira do governo. Esse repasse foi efetuado em setembro de 2014”, explica o secretário.
Custo da obra
Além da demora, outro problema foi o aumento no custo da obra, que saltou de R$ 30 milhões para R$ 40 milhões (aumento de 33,3%). Segundo Pablo, a situação se deve à inevitável desvalorização do real.
“Apenas nos últimos dez meses, a cotação do dólar sofreu aumento de quase um real, e isso tem um impacto direto sobre a obra, já que a maioria dos equipamentos que teremos (no Parque Aquático) são importados. As paredes móveis da piscina, por exemplo, são fabricadas na Espanha. Então, como o real se desvalorizou em relação ao euro, sofremos com a situação. Além disso tem o frete”, comenta o diretor do CTE.
Cronograma britânico
O atraso nas obras não afetou o cronograma da delegação britânica. Em setembro, a equipe paralímpica de halterofilismo e de tiro com arco vai fazer um treino no local. Em outubro é a vez da equipe de pentatlo moderno, que utilizará a estrutura da pista e academias. Já em novembro desembarcará no CTE a equipe britânica de natação, considerada uma das mais fortes do mundo.
“Apesar do atraso das obras, todos os equipamentos, academias e piscinas estarão disponíveis para uso no próximo mês. Isso porque os últimos ajustes que faltam são estruturais”, explica Luciano Sales Prado, coordenador de Relações Internacionais e de Esportes Aquáticos da UFMG.