Pay-per-view vira 'mina de ouro' e promove nova agenda de jogos no Campeonato Brasileiro

Clarissa Carvalhaes e Alexandre Simões
ccarvalhaes@hojeemdia.com.br / asimoes@hojeemdia.com.br
05/07/2016 às 00:33.
Atualizado em 16/11/2021 às 04:10

Juliana Flister/Light Press/Cruzeiro

RECORDE - Maior público do Brasileirão neste em Belo Horizonte foi registrado domingo, no Mineirão, com 43.821 torcedores pagantes no empate entre Cruzeiro e Vitória, às 11h

 O futebol brasileiro passou a conviver com mais um horário da Série A. Em duelo disputado às 20h desta segunda-feira (4), o Palmeiras se isolou na liderança ao derrotar o Sport por 3 a 1 na Ilha do Retiro, diante de quase 27 mil pagantes. Era o encerramento da 13ª rodada, que teve partidas em três dias e seis horários diferentes.

Com isso, o torcedor que paga para ver o Brasileirão teve a chance de acompanhar, integralmente, 60% dos dez jogos disputados. E disponibilizar o maior número possível de partidas ao vivo na principal competição nacional faz parte de uma estratégia que une os clubes, a CBF e a emissora detentora dos direitos de transmissão: investir no pay-per-view.

No ano passado, segundo dirigentes, foram vendidos cerca de 2 milhões de pacotes por assinatura, com um custo médio anual de R$ 600 – ou seja, um total de R$ 1,2 bilhão arrecadado com o serviço (veja os números abaixo).

Por contrato, a televisão fica com 62%, e os clubes, com 38%, mas com a garantia de que esse valor não será menor que R$ 500 milhões.

Foi o que aconteceu no ano passado, com a TV levando cerca de R$ 700 milhões. Diante do tamanho e do crescimento do negócio, o movimento que une os clubes atualmente é o aumento da participação no pay-per-view. A pretensão é chegar, pelo menos, aos 50%.

A divisão é feita de acordo com a audiência de cada time. Assim, a expectativa no mercado é que o Flamengo, neste ano, possa arrecadar mais com pay-per-view que com a TV aberta, o que jamais aconteceu no Brasil.

“Existe um movimento muito forte dos clubes com a TV para fortalecer os jogos em pay-per-view. Quanto mais jogos, maior a chance de vender pacotes. Como, no Brasileirão por pontos corridos, todos os jogos valem, o melhor é que eles não aconteçam de forma simultânea, para que o usuário possa utilizar o pacote na plenitude. O mercado está indo cada vez mais para os pacotes pagos”, analisa Marcone Barbosa, diretor de marketing do Fluminense e que está acertando a volta ao Cruzeiro.

Assista aos gols da 'estreia' da Série A do Campeonato Brasileiro na segunda-feira:

Horários

O investimento no pay-per-view acabou colaborando para a criação de um horário (domingo às 11h) totalmente aprovado pelo público, embora, nos dias de calor, seja um problema para os jogadores.

“Desde 2015, a CBF investe em horários diferenciados para ampliar a opção e buscar o melhor para o torcedor. Começamos com o das 11h no domingo, e virou um sucesso. Agora, partimos para as 20h das segundas-feiras, inspirados em campeonatos que acontecem no exterior”, explica Manoel Flores, diretor de competições da CBF.

No ano passado, as 34 partidas disputadas às 11h dos domingos tiveram média de 24.943 pagantes, taxa bem superior à geral, de 17.223. O maior índice já registrado na história do Brasileirão foi em 1983, com 22.953 torcedores por jogo.

Tudo o que os clubes esperam é que o otimismo de Manoel Flores se confirme. “Será possível otimizar não só a presença do público no estádio, como também o telespectador da TV, assistindo e consumindo futebol. A nossa expectativa é potencializar ganhos financeiros para os clubes. Inclusive, estamos mantendo todos eles muito bem alinhados. Afinal, os clubes são a razão de ser de tudo isso”, afirma o dirigente.

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