Períodos distintos na volta da Seleção aos palcos de tragédia e vexame

Alexandre Simões
asimoes@hojeemdia.com.br
06/11/2016 às 23:13.
Atualizado em 15/11/2021 às 21:33
 (ODD ANDERSEN/afp)

(ODD ANDERSEN/afp)

As duas maiores derrotas da Seleção Brasileira em Copas do Mundo ocupam na história um lugar de destaque quase igual ao dos cinco títulos conquistados. Por mais que os 2 a 1 de virada para o Uruguai, na partida decisiva de 1950, no Maracanã, sejam uma tragédia, e os 7 a 1 para a Alemanha nas semifinais de 2014, no Mineirão, um vexame, os dois jogos deixaram marcas.

Se for considerado o tempo que o Brasil levou para voltar aos palcos onde viveu essas derrotas, pode-se afirmar que a perda do título de 1950 doeu mais. Recorrendo à história, isso se transforma em certeza.

Após a derrota para o Uruguai, em 16 de julho de 1950, a Seleção Brasileira levou quase quatro anos (três anos e oito meses) para atuar novamente no Maracanã.

O retorno ao estádio foi em 14 de março de 1954, com uma vitória por 1 a 0, gol de Baltazar, sobre o Chile, em partida válida pelas Eliminatórias para o Mundial da Suíça, que foi disputado em junho e julho daquele ano.

Dois anos e quatro meses após a goleada para a Alemanha, em 8 de julho de 2014, a Seleção Brasileira retorna ao Mineirão esta semana.
Amanhã e quarta-feira, o Gigante da Pampulha receberá os treinamentos comandados pelo técnico Tite. Na quinta-feira, às 21h45, será palco do confronto com a Argentina, pelas Eliminatórias Sul-Americanas para a Copa do Mundo de 2018, que será na Rússia.

RETORNO

Apesar de o 16 de julho de 1950 ter sido uma tragédia, ele foi tratado no Brasil como um vexame. Eram outros tempos, de um futebol muito menos profissional, em que os compromissos das seleções eram quase que restritos às competições oficiais, sem obrigações de jogos amistosos para atender a parceiros comerciais.

De toda forma, foram quase dois anos para a Seleção ser novamente reunida, o que só aconteceu em abril de 1952, para a disputa do Pan-Americano, uma espécie de Copa América ampliada, que foi disputada no Chile .

Em março de 1953, a Seleção voltou a campo, mas ainda fora do país. Foi ao Peru disputar o Campeonato Sul-Americano, com todas as partidas no Estádio Nacional, em Lima.

UNIFORME

Quando entrou no gramado do Maracanã, em 14 de março de 1954, para encarar o Chile, a Seleção Brasileira usava camisa amarela, calção azul e meias brancas.

O uniforme todo branco, da Copa do Mundo de 1950, e usado até o ano anterior, estava aposentando. Em seu lugar, um novo, que tinha sido estreado no jogo de estreia nas Eliminatórias, também contra os chilenos, em 28 de fevereiro, no Estádio Nacional, em Santiago.
Um concurso promovido pelo jornal “Correio da Manhã”, em parceria com a Confederação Brasileira de Desportos (CBD), teve como objetivo a criação de um novo uniforme para a Seleção.

E o gaúcho Aldyr Garcia Schlee, na época com 19 anos, foi o responsável por criar o uniforme de futebol mais famoso do mundo.

NOVOS TEMPOS

Os efeitos dos 7 a 1 foram muito poucos no futebol brasileiro. E com Dunga no lugar de Luiz Felipe Scolari, a Seleção voltou a campo menos de dois meses após o vexame, para encarar a Colômbia, em amistoso disputado em Miami, nos Estados Unidos.
O jogo estava marcado há muito tempo e fazia parte de um contrato de exploração dos amistosos da Seleção Brasileira. 
Por mais que tenham virado um sinônimo da desorganização do futebol brasileiro, os 7 a 1 pouco mexeram na estrutura do nosso futebol, diretamente envolvido no escândalo de corrupção da Fifa, escancarado em maio do ano passado, com uma operação norte-americana na Suíça.

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