Pivô do escândalo, norte-americano Chuck Blazer era conhecido por "Mister 10%"

Estadão Conteúdo
29/05/2015 às 08:18.
Atualizado em 17/11/2021 às 00:15

Ele era um dos homens de maior confiança de Ricardo Teixeira. Mandava no futebol do Caribe e Centro-Americano. Na Fifa, tinha um dos cargos mais altos e circulava por todos os corredores do futebol. Hoje, é a partir de suas denúncias que o FBI conseguiu dar um dos maiores golpes da história da entidade.

O norte-americano Chuck Blazer foi expulso da Fifa em 2013, depois de ter sido pego desviando milhões de dólares das contas da Concacaf, em Miami. Nos Estados Unidos, seu país natal, foi a vez de o FBI desembarcar em sua casa e o indiciar. Mas, em um acordo de delação premiada, Blazer entregou todos em Zurique, inclusive alguns dos principais atores do futebol brasileiro.

O cartola nunca praticou esportes e era conhecido apenas como "Mr. 10%", em referência às propinas que de forma repetida pedia de todas as empresas que quisessem negociar com o futebol. Chuck, como era chamado na Fifa, pisou pela vez nos gramados nos anos 70 quando decidiu treinar o time de futebol de seu filho, na cidade de New Rochelle, no estado de Nova Iorque.

Mas tudo começaria a mudar quando o norte-americano se aliaria a Jack Warner, de Trinidad e Tobago, para ganhar as eleições para a Concacaf e, depois, para subir na Fifa. Uma de suas primeiras medidas nos anos 90 foi a de transferir a sede do futebol centro-americano e norte-americano da Guatemala para Miami.

A reportagem manteve encontros regulares com Chuck em Zurique no luxuoso hotel Baur au Lac, onde as prisões ocorreram esta semana. O norte-americano, além de contar de forma repetida as mesmas histórias a cada dois meses, fazia questão de relatar como estava na companhia de modelos e luxo.

Tudo começou a mudar em 2011, quando o fisco norte-americano o passou a investigar. Ele admitiu crimes de fraude e lavagem de dinheiro e, em um acordo com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos, passou a prestar informações sobre os demais cartolas. Para isso, os agentes colocaram um gravador em seu molho de chaves que, a cada reunião, era colocado sobre a mesa.

Chuck acabou sendo obrigado a pagar uma multa de US$ 1,9 milhão. Mas, com 70 anos, conseguiu evitar uma condenação ainda maior ao entregar ao FBI um esquema detalhado corrupção que, em 24 anos, havia desviado US$ 150 milhões. Isso tudo com documentos, gravações e testemunhos.
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