Platini apoia demanda do Bom Senso e pede negociação

Almir Leite e Raphael Ramos
03/12/2013 às 19:12.
Atualizado em 20/11/2021 às 14:32

Quando atleta, Michel Platini fez greve em 1972 para pedir que os jogadores ficassem livres após o contrato. Hoje, como presidente da Uefa, o francês não acha que a greve seja o melhor caminho para os jogadores. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, o dirigente, que está na Costa do Sauipe (BA) para participar do sorteio dos grupos da Copa do Mundo de 2014, defendeu as propostas do movimento Bom Senso FC, mas disse acreditar que, antes de entrarem em greve, os atletas deve esgotar todas alternativas de negociação.

"A greve nunca é uma boa maneira. É melhor conseguir negociar antes. Mas eu entendo que se mil jogadores pensam que jogam demais, é porque é uma boa questão. Tem de pensar sobre isso, sobre o calendário. É preciso envolver jogadores, as ligas e as associações nacionais para achar um bom caminho para o futebol", disse Platini, ao comentar sobre o Bom Senso, movimento que já reúne cerca de mil jogadores e cobra melhores condições de trabalho no Brasil.

Para Platini, é fundamental que os atletas tenha voz e representatividade nas decisões do futebol brasileiro. E ele cita a entidade que preside como exemplo. "Muitas, muitas, muitas associações nacionais contam com a participação dos jogadores. Na Uefa, se eu quero mudar o calendário da Liga dos Campeões, tenho que falar com o sindicato dos atletas. Se eles não aprovam, a gente não muda. Se aprovam, a gente muda", contou.

O dirigente também defendeu a participação da TV na discussão sobre mudanças no calendário. "A televisão tem de mostrar os jogadores de futebol. Se eles não jogam, não tem TV. E se a TV não mostra os jogos, os jogadores não jogam. Tem de colocar a TV na discussão. Se o problema é porque eles jogam muito, eu entendo, eu era jogador. Eles têm de jogar como eu, sem correr muito", afirmou.

Platini também falou sobre a decisão da Fifa de manter jogos da Copa do Mundo às 13 horas, apesar das críticas de que o calor pode afetar a integridade física dos atletas. O francês lembrou que disputou a Copa de 1986, no México, sob calor intenso, mas preparou-se antes para jogar em altas temperaturas. "Agora, eu vim de Paris para Salvador e enfrentei uma diferença de 30 graus, mas as seleções saberão que horas e onde vão jogar. Terão tempo para se preparar, então, não tem problema. Outra questão é política e econômica por causa dos direitos de TV. Se muitas pessoas querem ver os jogos, você tem de colocar o jogo em um bom horário para a TV", explicou.
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