Presidente do Cruzeiro pode anunciar volta do executivo Marco Antonio Lage ao clube

Guilherme Piu e Alexandre Simões
Hoje em Dia - Belo Horizonte
16/06/2020 às 11:13.
Atualizado em 27/10/2021 às 03:47
 (Alfredo Malagoli/Cruzeiro)

(Alfredo Malagoli/Cruzeiro)

Alfredo Malagoli/Cruzeiro 

Áreas estratégicas da administração do Cruzeiro podem receber dois antigos conhecidos nos próximos dias. Marco Antônio Lage, ex vice-presidente executivo, e André Araújo, ex-gerente de conteúdo em parte da gestão Wagner Pires de Sá, estão próximos de retornar à sede administrativa celeste. A informação foi apurada pela reportagem com fontes ligadas aos profissionais.

O retorno de André está praticamente sacramentado e isso indica que Lage também pode ser oficializado pelo presidente Sérgio Santos Rodrigues em breve. Araújo é braço direito de Marco Antônio Lage, que o leva para ser seu assessor por onde ele passa. Os dois trabalharam juntos na Fiat, no próprio Cruzeiro, e por último estavam na Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig).

De acordo com informações de bastidores, Marco Antônio Lage retornará para dar força ao projeto do Memorial do Cruzeiro, um dos projetos que balizam os planos de governança de Sérgio Santos Rodrigues.

Marco Antônio Lage ocupa na Cemig o cargo de diretor de Relações Institucionais e Comunicação desde março do ano passado. Foi convidado pelo diretor-presidente da empresa, Cledorvino Belini, ex-presidente do Grupo Fiat Chrlysler na América Latina. Lage também trabalhou na automobilística por 25 anos. 

Exerceu no Cruzeiro o cargo de vice-presidente executivo durante parte da gestão Wagner Pires de Sá, mas deixou o clube por discordar da política adotada por Pires de Sá. O ex-presidente da Raposa, pressionado por suspeitas de atos temerários e criticado por torcedores, acabou renunciando no fim de dezembro.

Lage permaneceu no Cruzeiro até novembro de 2018, quando publicou uma carta de despedida e disse no documento "até breve". 

Relembre o conteúdo da carta de despedida de Marco Antônio Lage

"À Naçäo Azul 

Não somos donos do nosso destino. Por vezes, os mais audaciosos planos, os melhores  sonhos precisam ser interrompidos. Estou diante deste momento e motivos pessoais exigem agora que eu deixe as funções de vice-presidente executivo do Cruzeiro Esporte Clube. O tempo foi curto, insuficiente para concluir a missão que propus há um ano: profissionalizar a gestão do clube, trazendo uma visão de administração mais moderna e digital, com foco em plataformas de novos negócios nacionais e internacionais que o Cruzeiro tanto precisa para hoje, amanhã e para os seus próximos 100 anos.

Mas ainda assim me sinto vencedor, não somente pelos títulos de 2018, mas por ter realizado alguns  negócios criativos e inovadores que podem e devem abrir caminhos. Um deles foi a criação da Unincor 5 Estrelas, a universidade do Cruzeiro. Se bem conduzido, certamente este projeto será um “case”, uma referência de marketing e negócios. Além de conectar a marca Cruzeiro ao tema educação (valor de reputação), é uma mina de ouro, uma alternativa inédita para atrair receita para o futebol. Como o Cruzeiro é sócio do negócio, a cada 5 mil cruzeirenses que se matricularem na Unincor o clube garantirá para seus cofres um montante anual nos mesmos valores de um patrocinador master, sem para isso ocupar espaço na camisa. 

Trazer a Fiat de volta ao Cruzeiro também foi outra negociação importante. Parcerias com marcas globais sempre atraem alianças mais fortes para o clube. E não menos importante foi estruturar o Instituto 5 Estrelas, uma maravilhosa iniciativa que vai incluir milhares de crianças em situação de vulnerabilidade social à cidadania, através do esporte, e ainda ajudar a imagem e a reputação do Cruzeiro resplandecer.

Deixo as funções executivas no clube, mas continuarei contribuindo com outras soluções criativas para que o Cruzeiro possa superar a mais grave crise financeira da sua história. 

Isto, aliás, não é um “privilégio” só do Cruzeiro Esporte Clube. A maioria dos clubes de Futebol no Brasil está nessa situação lamentável. O futebol brasileiro está sendo derrotado pelas dívidas.

O momento difícil realmente exige a participação de grandes cruzeirenses.

Prestes a fazer 100 anos, no dia 2 de janeiro de 2021, o Clube precisa urgentemente ser saneado. E isso significa cortar na própria carne e mexer criativamente e responsavelmente até no seu patrimônio. Para isso é preciso criar uma agenda consensual de longo prazo, sem política, sem rancor. Porque o principal desafio desta magnífica instituição, a curto prazo, ainda maior que a conquista de mais uma Copa Libertadores (que este ano nos foi tirada pela arbitragem) é iniciar seu segundo século de vida, que se inicia em 2 de janeiro de 2021, com saúde financeira e a memória em dia. Só assim poderá olhar para o futuro e projetar mais 100 anos de glórias. É apenas isso que a torcida quer. E é tudo que ela merece. 

À essa Nação Azul, a todos os funcionários do clube, aos colegas de diretoria, aos parceiros comerciais e patrocinadores, aos conselheiros, aos jornalistas, à comissão técnica e aos talentosos jogadores - que neste ano deu dois títulos também para este cruzeirense aqui -, o meu muito obrigado pelo respeito e convivência. 

Depois de conhecer o Cruzeiro mais por dentro, sou ainda mais cruzeirense. Amo ainda mais esse manto sagrado. Não esquecerei que o Cruzeirão Cabuloso é mais que uma religião, mais que uma grande paixão. É um estilo de vida. Onde eu estiver, as cinco estrelas estarão pulsando ao lado do meu coração, onde sempre estiveram desde os meus tempos de menino sonhador em Itabira.

E, quem sabe, um dia poderei voltar para ajudar a construir um legado do tamanho da importância deste clube e desta torcida gigantesca, à qual volto a me juntar.

Somos Cruzeiro e nada mais interessa! Até breve!"

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