Procurador diz que Pistorius ajustou mira para matar

AE-AP
14/04/2014 às 11:54.
Atualizado em 18/11/2021 às 02:07
 (Bongiwe Mchunu)

(Bongiwe Mchunu)

O promotor-chefe do julgamento de Oscar Pistorius pelo assassinato da modelo Reeva Steenkamp acusou nesta segunda-feira o atleta paralímpico de ajustar a mira da arma para atingir a sua namorada quando atirou através da porta do banheiro da sua residência. Pistorius refutou esta afirmação, uma das muitas acusações que negou nos quatro dias de interrogatório do promotor-chefe Gerrie Nel.

O atleta paralímpico afirmou que deu quatro tiros através da porta do banheiro ao ouvir um som de madeira, que pensava ser um indicativo de que a porta estava sendo aberta, com o invasor prestes a atacá-lo. Em retrospectiva, ele avaliou que o barulho pode ter sido de Reeva mexendo em uma revisteiro.

Nel disse que Pistorius matou Reeva intencionalmente depois de uma briga e mente ao dizer que pensava ser um intruso. Ele afirmou que o atleta paralímpico ouviu que sua namorada, atingida pelo primeiro tiro, caiu sobre o revisteiro, e, em seguida, utilizou o ruído para ajustar a mira.

"Eu estou dizendo que você ouviu o revisteiro e ajustou a mira", afirmou Nel ao atleta paralímpico. Reeva recebeu três tiros, e o quarto falhou. "Eu não escutei nada cair dentro do banheiro enquanto disparava", respondeu Pisotrous, mas olhando para a juíza Thokozile Masipa, que decidirá o caso.

Nesta segunda-feira, o julgamento chegou a ser temporariamente paralisado após Pistorius chorar compulsivamente enquanto depunha sobre os momentos que antecederam a morte de Reeva, no dia 14 de fevereiro de 2013. Nel lhe perguntou o que exatamente ele gritou quando se moveu em direção ao banheiro onde disparou em sua namorada.

Pistorius disse achar que havia um intruso na casa. Depois de uma longa pausa após a pergunta, ele disse que gritou, usando um palavrão, para o suposto invasor sair de sua casa. O atleta paralímpico, então, começou a chorar, o que provocou a primeira paralisação nesta segunda-feira. A segunda paralisação foi provocada por novo choro, quando Pistorius foi questionado sobre a razão que o fez atirar. "Não atirei em Reeva", disse, aos prantos.

Nel também procurou determinar se Pistorius queria disparar no suposto intruso, mas ele afirmou que esta não era a sua intenção, e que estava apavorado. "Eu não tive tempo de pensar no que eu queria fazer", insistiu.

Depois disso, Nel questionou se Pistorius estava mudando sua estratégia de "autodefesa" para "ação involuntária". Ele também disse que Pistorius não fez um disparo de advertência e que não tinha ideia, segundo a sua própria versão, se no banheiro havia um ladrão, uma criança ou mais de uma pessoa. "De acordo com sua versão, não lhe deu nenhuma chance (de se identificar)", afirmou Nel, para reforçar a teoria da promotoria de que o atleta paralímpico atirou para matar.

Pistorius também foi acusado de ajustar a sua versão para coincidir com as provas, e Nel detalhou supostas inconsistências na versão do atleta. "Você está inventando sua versão sentado aqui", afirmou, em mais um dia do julgamento do atleta paralímpico pelo assassinato da sua namorada.
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