(Hoje em Dia)
O maior crime esportivo cometido pela antiga diretoria do Cruzeiro foi ceder 20% dos direitos de Estevão Willian, conhecido como “Messinho”, de apenas 12 anos, como garantia de um empréstimo feito com um empresário. O problema aumenta porque o garoto, apontado como maior promessa das categorias de base do clube, pode deixar a Toquinha.
“A preferência é do Cruzeiro, pois já temos vínculos aqui no clube, mas temos outras propostas. Depende do que o Cruzeiro vai oferecer para a carreira. São propostas do Rio de Janeiro, São Paulo. De Minas Gerais não tem. Ainda não temos reunião marcada. O André Cury (que cuida da carreira do garoto) está para vir ao Brasil. Está difícil, pois na verdade nem sei quem é o presidente do Cruzeiro hoje. O que for melhor para a carreira do Estevão a gente faz”.
Essa declaração é de Ivo Gonçalves, que no último sábado, juntamente com o filho, esteve no Campo do Inconfidência, no bairro Concórdia, na 3ª Pelada dos Amigos do Bruno Henrique.
Apesar de assegurar que o vínculo com o clube é um fator decisivo, o pai de Estevão revela preocupação com a situação cruzeirense: “Surgiram propostas do Brasil. A situação do Cruzeiro é difícil, tudo o que aconteceu lá, diretoria muda todo dia, então a gente não reuniu ainda para conversar. Por isso estou esperando a hora certa para ver quem vai ficar, quem não vai, para a gente tomar a decisão”.
E esta decisão não deve demorar a ser tomada. Segundo Ivo Gonçalves, o seu filho está de férias no Cruzeiro e o retorno só acontece em fevereiro. Antes disso, no mês que vem, ele pretende resolver a situação: “Queremos acertar tudo o mais rápido possível. Ele só volta em fevereiro. A intenção é resolver no mês que vem”.
Ilegal
Apesar de o Cruzeiro ter dado 20% dos direitos de Estevão como garantia, o clube não tem percentual algum sobre o jogador.
Pela legislação, o clube só tem algum vínculo com o jogador quando ele completa 14 anos, mas contrato profissional, que seria uma garantia ainda maior, só pode ser assinado aos 16 anos.
Assim, Estevão não tem nenhuma ligação legal com o Cruzeiro. E se existir algum contrato que prenda o garoto ao clube, ele é ilegal, pois a Lei Pelé não permite.
Dessa forma, o futuro de Estevão Willian depende mesmo é do seu pai, único responsável por decidir onde ele jogará em 2020.
Confusão
Sobre a polêmica envolvendo o nome do seu filho, que foi personagem da matéria do Fantástico em 26 de maio último, quando foram denunciadas várias irregularidades no Cruzeiro, Ivo isenta a instituição e revela ver lado negativo e positivo na história.
“Sempre digo quando as pessoas me perguntam que a instituição Cruzeiro é muito grande, está acima de tudo o que aconteceu. Algumas pessoas usaram de má fé e fizeram isso com o Estevão. Mas creio que, se você colocar na balança, teve o lado bom e o ruim também”, analisa o pai do atleta.
Com tantos problemas para resolver, o de Estevão passa a ser mais um para o grupo de empresários que assumiu o Cruzeiro há duas semanas para tentar tirar o clube do buraco.