Público do Estadual cai 52% em relação a 2013

Alexandre Simões - Hoje em Dia
30/03/2014 às 07:57.
Atualizado em 18/11/2021 às 01:50
 (Carlos Rhienck 16/02/2014)

(Carlos Rhienck 16/02/2014)

Na tarde de 9 de fevereiro, um domingo, Minas Boca e Boa jogam na Arena do Jacaré. Apenas 357 torcedores pagam para assistir ao confronto, que custou aos cofres do time de Sete Lagoas R$ 10.934,52, pois a renda líquida foi negativa. Esse quadro está longe de ser uma exceção.   Ele retrata a realidade vivida pelos clubes do interior que disputam o Módulo I do Campeonato Mineiro, pois 30 dos 50 jogos disputados fora de Belo Horizonte, o que equivale a 60%, não tiveram uma arrecadação que fosse suficiente para cobrir as despesas.   Mas a ausência de público não aflige só os pequenos. Os grandes também experimentam a fuga dos seus torcedores nos jogos do Estadual, numa comparação com o ano passado.
O Cruzeiro, que em 2013 teve 24.532 pagantes de média, viu esse número cair quase três vezes (9.978) este ano. No Atlético, a queda foi de 18.260 para 9.218.
Sem público no interior e na capital, a média geral do Campeonato Mineiro despencou, caindo 52%. Ano passado, ela foi de 6.451, com 464.541 sendo o número total de pagantes. Este ano, a marca é de 3.098, com 210.673 torcedores já tendo passado pelas roletas em 68 jogos.
A primeira análise é que os fatores que transformam 2014 num ano inesquecível na história do futebol mineiro contribuem de forma decisiva para o desinteresse do público pela 100ª edição do Campeonato Mineiro.
Atlético e Cruzeiro, pela primeira vez juntos na disputa de uma Copa Libertadores, fizeram com que os torcedores dos dois rivais, em tempos de ingressos caros, dessem preferência aos jogos do torneio continental. No caso cruzeirense, o Mineirão, que em 2013 era novidade, deixou de ser.
Além disso, a Copa do Mundo, que terá seis jogos disputados no Gigante da Pampulha, obrigou a um calendário apertado para o futebol brasileiro em 2014, diminuindo o número de datas para os estaduais.
“Com a Copa, passamos a ter jogo quarta e domingo. São muitas partidas no mês. Fica caro para o torcedor, principalmente na minha região, que é pobre. Isso colaborou para o afastamento do público”, revela Lane Graviolle, presidente do Tombense, um dos três times que tiveram renda líquida negativa no Mineiro 2014.

Galo e Raposa pagam em voos o que rivais lucram   Juntos, Atlético e Cruzeiro devem desembolsar mais de R$ 500 mil nesta semana para levar suas delegações em voos fretados para Bogotá e Santiago, respectivamente, para a disputa, na quinta-feira dos seus jogos pela penúltima r[/LEAD]odada da fase de grupos da Copa Libertadores.
O valor que os dois rivais gastarão é superior à arrecadação líquida dos outros dez times que disputam o Módulo I do Estadual juntos, pois ela é de R$ 450 mil.
A diferença técnica que se vê em campo é vivida também na bilheteria. Apesar de atleticanos e cruzeirenses terem “abandonado” o Campeonato Mineiro, dos 210.673 pagantes registrados na competição, 115.181 (72%) foram a jogos de Galo e Raposa.

PREVISÃO   Esse quadro era previsível. Em 8 de janeiro, Fernando Ferreira, da Pluri Consultoria, escreveu um artigo em que tratava da sua expectativa para os estaduais.
“Para os que reclamavam que o Campeonato Brasileiro não foi lá grande coisa, a perspectiva não pode ser pior, pois vem aí os estaduais. Sim, os famigerados estaduais, que pioram a cada ano, deixaram de ser relevantes há mais de uma década, e se tornam um produto cada vez menos interessante para todos os envolvidos. Nesse cenário perdem os clubes maiores, que não maximizam receitas, os menores, que se asfixiam cada vez mais (e morrem), e o torcedor brasileiro, que assiste quase 4 meses (1/3 do ano) a um futebol de baixo nível, acompanhando a cada dia mais os campeonatos europeus”, previu o consultor.
O que está acontecendo em Minas é um exemplo claro da previsão de Ferreira. A média de público em 2014 é parelha com os dois anos (2011 e 2012) em que o Estadual foi todo jogado no interior, pois os dois estádios de Belo Horizonte estavam em obra.
A perda de interesse do torcedor pelo Campeonato Mineiro fica evidente quando se tem acesso às médias de público de 2009, 2008 e 2007, todas na casa dos sete mil pagantes por partida, mais que o dobro da atual. 

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