Difícil imaginar alguma situação em que o “Raposão” não tenha sido personagem de destaque. Nos 14 anos do mascote, idade atingida nesta quinta-feira (23), um dos símbolos icônicos do Cruzeiro se mostra muito mais do que, apenas, um boneco animador de torcida.
A partir do momento em que ganhou vida, em 2003, ano emblemático pela conquista da Tríplice Coroa (Campeonato Mineiro, Copa do Brasil e Campeonato Brasileiro), o Raposão foi utilizado em diversas ações do departamento de marketing celeste. Além de estar em todos os jogos do Cruzeiro no Mineirão – e em algumas ocasiões muito específicas em estádios fora de Minas Gerais -, o mascote atua como um forte elo entre a instituição cinco estrelas e seus torcedores.
“O Raposão surgiu muito da dificuldade que tínhamos na época de levar os jogadores do Cruzeiro para escolas, creches, hospitais. Sabemos que a agenda dos atletas é muito difícil. Quando eu era menino, lembro do Piazza , do Dirceu Lopes e outros jogadores indo à minha escola, e isso marcou muito. Daí tivemos a ideia de criar essa ponte entre o clube e o torcedor. Trazer esse torcedor ainda mais para perto do Cruzeiro”, conta Paulo Nélio, ex-diretor de marketing do clube e criador do Raposão.Reprodução
Raposão venceu o "Desafio Espetacular", do Esporte Espetacular, em 2010
Dotado de personalidade, o Raposão não é um só. Todos que tiveram “a honra” de incorporá-lo citam a mesma coisa: um mascote que tem “vida própria.” Durante o mesmo jogo, ele ganha vida não por quem veste a fantasia, mas por ser o protagonista de diversas ações e ter seu brilho particular.
“O Raposão é uma ferrameta institucional importante. Cumpre o papel que na década de 60 os jogadores cumpriam. Ele fomenta o aumento da torcida do Cruzeiro e ganhou status de destaque. Arrasta muita gente, as pessoas sempre se interessam em tirar fotos. Usamos isso para mexer com o imaginário das pessoas. E o Raposão está voltado para o publico infantil, usamos o mascote para atingir crianças e jovens. Essa estratégia tem funcionado muito be até o momento”, completa o atual diretor de marketing cruzeirense, Marcone Barbosa.
Histórias inusitadas
estádio (pela campanha de conscientização e combate à epidemia); andou em um carro antigo dentro do Mineirão; participou de festas de crianças e casamentos; ganhou um amigo inseparável, o “Raposinho”; se vestiu de rei em alusão ao reinado de títulos do Cruzeiro no Mineirão e chegou de Limousine ao estádio; foi corredor de rua; venceu o desafio de mascotes do Esporte Espetacular, programa dominical da TV Globo. E até virou tema de bloco carnavalesco no interior de Minas Gerais.
“Já aconteceu de tudo com o Raposão. Foi até expulso em um jogo, situação que muitos lembram e começam a rir da história”, relembra Paulo Nélio.
Evolução
Desde sua criação, o Raposão respeita um princípio valorizado pelo Cruzeiro: a interação e empatia principalmente com as crianças. Por isso, o departamento de marketing do clube já estuda modernizá-lo ainda mais.
“Não vamos mudar a identidade do mascote. Apenas dar uma nova modelagem na fantasia, buscando mais agilidade, maleabilidade para melhorar a interação com os torcedores. Vamos fazer melhorias na vestimenta. Mas serão pequenos ajustes, nada que vá alterar muito”, contou Marcone Barbosa.
Atualmente no cargo de gerente do programa Sócio do Futebol, Bernardo Mota, que na época da criação do mascote esteve diretamente ligado às ações, valoriza muito o trabalho desenvolvido com o mascote.
“O Raposão é um ícone da torcida do Cruzeiro. O primeiro e melhor mascote do Brasil faz história há 14 anos. São milhares de instituições visitadas, como escolas, creches e hospitais. E milhões de Cruzeirenses que já interagiram com o mascote neste período. Ele faz a alegria não só das crianças, mas dos adultos e idosos também. Realmente é um 'case' de sucesso”, disse ao Hoje em Dia.
Precursor entre os clubes brasileiros, o Cruzeiro teve o mérito de institucionalizar o seu mascote em um ano mágico. O que dá ao Raposão o título de “pata quente”, como a própria diretoria azul cita no texto de apresentação do Raposão.
“Foi o primeiro nessa nova era de mascotes. Depois todos os clubes também aderiram. A minha maior alegria é que o mascote persistiu, continua atual. E fico imaginando quantas crianças em escolas e hospitais gostam de receber a visita do Raposão. Isso me alegra”, conclui Paulo Nélio.