Clássicos com torcidas mais apaixonadas há outros. Mais antigos também. Capazes de parar cidades são vários em todo o mundo. Mas é difícil discordar do nome dado pelos espanhóis ao confronto entre suas duas equipes mais tradicionais: El Clásico (O clássico). Hoje um jogo capaz de atrair atenções e olhares em todo o planeta, a ponto de ter o horário de início modificado (antecipado) para alcançar a gigantesca audiência asiática. E de deliciar os amantes do futebol de todas as camisas, que sabem que vão ver uma aula do esporte.
Afinal, estamos falando dos dois clubes mais poderosos e vencedores das últimas décadas que, ainda por cima, contam com os dois principais jogadores do século: Lionel Messi e Cristiano Ronaldo.
E pouco importa que os dois clubes vivam situações e ambições distintas quando a bola rolar hoje, às 10h (de Brasília), no Santiago Bernabéu, em Madri, pela 17ª rodada de La Liga, o Campeonato Espanhol.
O visitante Barcelona lidera com folgados 42 pontos e faz temporada impecável, mostrando ter reencontrado o melhor futebol sem Neymar e agora com o comando de Ernesto Valverde.
Já o Real Madrid, com uma partida a menos, devido à participação no Mundial Interclubes, retorna dos Emirados Árabes com mais uma taça (a quinta conquistada pela equipe de Zinedine Zidane no ano, diante do Grêmio), mas aparece apenas em quarto lugar, com 31 pontos. E qualquer resultado hoje que não seja a vitória praticamente encerra a luta pelo bicampeonato, com metade da temporada ainda pela frente.
COMPARAÇÃO
Para entender o que pode ocorrer quando a bola rolar para mais um clássico, não há como ignorar o peso do argentino da equipe catalã e do português do time merengue.
Como Messi sabe o que é enfrentar o maior rival desde 2005, tem mais confrontos e gols no currículo (36/28 contra 24/17 de CR7, que fez seu primeiro duelo em 2009), o parâmetro de comparação então, passa a ser o percentual de bolas na rede em relação ao total das duas equipes – nos jogos em que ambos estiveram em campo, há quase um empate técnico: 15 tentos do primeiro, 14 do segundo.
O argentino foi responsável por 34,2% dos tentos barcelonistas diante do Real quando esteve em campo. Já o português, sozinho, respondeu por 37,7%.
No aspecto garçom, no entanto, os papeis se invertem: Messi deu o passe decisivo para os companheiros marcarem em 13 ocasiões. Já Ronaldo, apenas em uma.
POLÍTICA
Além da rivalidade esportiva, o duelo chama a atenção por ser o primeiro disputado depois do plebiscito em que a Catalunha aprovou sua independência administrativa (medida rechaçada pela Espanha).
Não será de se estranhar se algumas das principais peñas (torcidas) merengues ostentarem bandeiras espanholas. Reações, com certeza, menos fortes e simbólicas do que as esperadas para a partida do returno, em maio, no Camp Nou – a própria direção do clube blaugrana é favorável à autonomia da região.
Brasileiros são candidatos ao papel de melhor coadjuvante
E se as câmeras e celulares estarão atentos ao que farão o camisa 10 blaugrana e o 7 merengue, a própria imprensa espanhola aposta que dois companheiros de meio-campo na Seleção Brasileira têm boa chance de ser protagonistas e determinar a temperatura de suas equipes na fria tarde de inverno madrilenha.
Paulinho enfrentará pela primeira vez o “inimigo”, ainda por cima fora de casa. O volante, ex-Corinthians, não precisou de muito tempo para superar a desconfiança da torcida catalã e hoje é visto por Ernesto Valverde como um jogador fundamental em seu esquema.
Em 15 partidas no Espanhol, marcou seis gols, deu mais de 500 passes e, comprovando sua vocação cada vez mais ofensiva, cometeu apenas 12 faltas.
“É um momento muito feliz na minha carreira, na minha vida, e eu espero ser mais uma vez útil ao grupo. É um adversário de altíssima qualidade, que nos exige atenção o tempo todo. O clássico tem que ser muito estudado, bem jogado, e pode ser definido num detalhe, em um lance. Temos que tomar nossos cuidados, mas vamos buscar uma atuação perfeita”, declarou ao site do Barça.
O jogador admite viver um sonho, depois de ter sido dado como acabado para o futebol europeu quando trocou a Inglaterra pela China. “Há um ano não me imaginava jogando no Barcelona e titular da Seleção”.
CÃO DE GUARDA
Do outro lado do campo estará Casemiro, bem mais acostumado à rivalidade e ao desafio, e igualmente considerado indispensável pelo técnico Zidane.
O camisa 14 marcou três gols no Espanhol este ano; recuperou 95 bolas e deu 572 passes. Caberá ao jogador revelado pelo São Paulo o papel de “cão de guarda” de Messi, dando liberdade a Kroos e Modric.
O Real ainda conta com Marcelo, importante opção de jogadas pela lateral esquerda.